PF mira depósitos suspeitos ligados a aliado de Manga
Parte dos valores foi transferida para a empresa da esposa de Manga, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro.
Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Sorocaba
A Polícia Federal identificou depósitos suspeitos realizados pelo empresário Marcos Silva Mott, aliado próximo do prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos). Segundo relatório de inteligência financeira anexado ao inquérito, Mott depositou R$ 237 mil em cédulas úmidas, mofadas e com odor forte em contas de empresas registradas em seu nome. O material reforça, de acordo com os investigadores, a possibilidade de que o dinheiro tenha origem ilícita e estivesse armazenado irregularmente. O caso levou à prisão de Mott e ao afastamento de Manga nesta quinta-feira (6), durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, que investiga desvios na área da Saúde municipal.
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Depósitos suspeitos com notas mofadas são ponto central da nova fase da operação
A PF afirma que os depósitos suspeitos ocorreram entre 2021 e 2022, quando Mott teria movimentado dinheiro vivo composto majoritariamente por notas de pequeno valor — R$ 2, R$ 5, R$ 10 e R$ 20. As cédulas apresentavam sinais claros de degradação, como umidade avançada e mofo, o que, segundo os agentes, sugere armazenamento prolongado em condições inadequadas. Esses fatores, para a investigação, representam forte indicativo de origem ilícita dos recursos.
Os valores foram direcionados a contas bancárias de empresas ligadas ao empresário, que, segundo a PF, funcionavam como instrumento para ocultação de dinheiro público desviado da Saúde de Sorocaba. O esquema envolveria contratos, repasses e serviços que mascaravam o destino final dos recursos desviados.
Operação prende empresário e afasta Manga da prefeitura
A prisão de Mott e o afastamento de Rodrigo Manga ocorreram simultaneamente nesta quinta-feira (6), marcando a segunda etapa da Operação Copia e Cola. A ação é resultado de meses de análise de dados bancários, quebras de sigilo e rastreamento de transações financeiras supostamente incompatíveis com a renda declarada dos investigados.
A PF aponta que Mott e Manga mantinham relação próxima. O empresário seria o operador financeiro do grupo, responsável por movimentar e distribuir recursos irregulares para empresas e pessoas associadas ao núcleo político do prefeito.
Os crimes sob investigação incluem:
• corrupção ativa e passiva
• peculato
• fraude em licitação
• lavagem de dinheiro
• contratação direta ilegal
• organização criminosa
Transferências a empresa da esposa de Manga levantam novas suspeitas
Outro ponto que ganhou destaque no inquérito envolve transferências realizadas por Mott à 2M Comunicação e Assessoria, empresa registrada no nome de Sirlange Maganhato, esposa de Manga. Segundo o relatório, ao menos R$ 214.076 foram repassados à empresa em períodos compatíveis com os depósitos em espécie feitos pelo empresário.
A PF contesta a finalidade da movimentação: os pagamentos, segundo os investigadores, não têm relação com a atividade econômica da empresa, que atua no setor de edição de jornais. O fluxo financeiro seria incompatível com serviços declarados.
Negócios imobiliários da família de Manga entram na mira
Além dos depósitos suspeitos, o inquérito revela transações imobiliárias consideradas irregulares pela PF. Entre elas estão:
• A compra de uma casa avaliada em R$ 1,5 milhão, com R$ 182 mil pagos em espécie como entrada pelo casal Manga.
• A aquisição de um apartamento em Votorantim, supostamente comprado pela mãe do prefeito por R$ 55 mil e doado à esposa dele no mesmo dia.
A Polícia Federal afirma que o valor registrado na escritura é irreal e incompatível com avaliações de mercado, que apontam preço superior a R$ 200 mil.
Defesas contestam a investigação
A defesa de Marcos Mott afirmou que sua prisão é desnecessária e fruto de suposições. O advogado argumenta que o investigado sempre colaborou com as autoridades e já prestou esclarecimentos.
Já a defesa de Rodrigo Manga classificou a operação como nula e sustentou que não há contemporaneidade entre os fatos investigados e o exercício do mandato, obtido nas urnas. Os advogados também alegam que a Justiça Federal não tem competência para conduzir o caso.
A esposa de Manga, Sirlange Maganhato, e a mãe do prefeito, mencionada em uma das negociações imobiliárias, não responderam até o momento.
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