A BlackRock está transformando a forma como grandes investidores de bitcoin interagem com o mercado financeiro tradicional. Um novo modelo de investimento, baseado em ETFs de criptomoedas, vem levando fortunas digitais para Wall Street, sem que os detentores precisem vender seus ativos.

Desde julho, após uma mudança regulatória, os investidores podem realizar a chamada transação in-kind, operação que permite trocar bitcoins por cotas de ETFs sem movimentar dinheiro ou gerar tributação. Na prática, o processo converte o ativo digital em uma posição formal dentro do sistema financeiro, tornando-o elegível para ser usado como garantia, empréstimo ou herança.

Segundo Robbie Mitchnick, chefe de ativos digitais da BlackRock, a gestora já intermediou mais de US$ 3 bilhões em conversões. “Grandes detentores de bitcoin despertam para a conveniência de manter a exposição dentro de seu relacionamento com consultores financeiros ou bancos privados”, afirmou Mitchnick, em entrevista à Bloomberg.

A Bitwise Asset Management confirma o aumento da demanda, relatando consultas diárias de investidores interessados em transferir suas participações para plataformas de gestão de patrimônio. A Galaxy, provedora de liquidez, também processou conversões recentes, segundo Michael Harvey, chefe de negociação da empresa.

O movimento marca um novo capítulo na trajetória do bitcoin. Criado como símbolo de descentralização e resistência às instituições financeiras, o ativo agora ganha força dentro delas. O formato de ETF facilita a integração com o sistema bancário e oferece legitimidade ao patrimônio digital, permitindo que gestores e bancos o incorporem às estratégias de investimento.

Teddy Fusaro, presidente da Bitwise, exemplificou: “Um investidor com US$ 1 milhão em uma plataforma de gestão e US$ 5 milhões em bitcoin é tratado como cliente de US$ 1 milhão. Se ele converter os bitcoins para um ETF, passa a ter acesso a outro nível de serviço”.

Mitchnick destacou que uma maior clareza regulatória tende a ampliar o volume de transações e a entrada de grandes bancos. As consultas, segundo ele, vão desde investidores que buscam transferir parte de seus ativos até aqueles que pretendem migrar totalmente para o sistema financeiro tradicional.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.