Crise de governança leva B3 a retirar Ambipar (AMBP3) de todos os índices
A decisão ocorre em meio à grave crise financeira da companhia, que enfrenta queda nas ações, cancelamento de debêntures e rumores de recuperação judicial.

A B3 anunciou nesta quinta-feira (9) a exclusão das ações da Ambipar (AMBP3) de todos os índices da bolsa de valores. A decisão ocorre em meio a uma das fases mais críticas da história da companhia, marcada por problemas de governança, crise financeira e perda de credibilidade junto ao mercado. Além da retirada dos índices, a Ambipar também perderá o selo “Ações Verdes”, título concedido pela bolsa a empresas com boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG).
Decisão da B3 e detalhes da exclusão
Segundo comunicado oficial, as ações da Ambipar (AMBP3) deixarão de compor os índices IBRA, IDVR, IGCT, IGCX, IGNM, ISEE, ITAG, MLCX e UTIL. A operação será concluída ao preço de fechamento do dia 15 de outubro, com efeito a partir da abertura do pregão do dia 16.
A B3 justificou que a medida foi tomada “em função de episódios recentes envolvendo a governança da companhia”, e destacou que a decisão está amparada no Manual de Definições e Procedimentos dos Índices, o qual permite a exclusão de ativos quando necessário para preservar a continuidade, representatividade e integridade das carteiras.
O papel não faz parte da carteira teórica do Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, mas sua exclusão dos demais índices impacta a presença institucional da empresa, especialmente em fundos e carteiras que seguem critérios de governança e sustentabilidade.
Ambipar perde o selo “Ações Verdes”
Além da exclusão dos índices, a Ambipar não terá renovada a designação “Ações Verdes”, concedida a empresas com práticas sustentáveis reconhecidas.
De acordo com a B3, o selo pode ser suspenso quando houver risco de imagem, incidentes ou falhas de governança que comprometam os princípios ESG.
A perda do título reforça o abalo reputacional da empresa, que vinha sendo referência no setor de gestão ambiental e logística sustentável. O selo “Ações Verdes” é utilizado pela bolsa para identificar empresas alinhadas a critérios de responsabilidade social, ambiental e corporativa, e sua retirada tende a afastar investidores institucionais e fundos sustentáveis.
Crise financeira e de governança agravam cenário
A decisão da B3 ocorre em meio a uma grave crise financeira enfrentada pela Ambipar (AMBP3).
Nos últimos meses, a empresa passou por uma série de eventos negativos, incluindo o cancelamento de uma assembleia de acionistas e de uma emissão de debêntures, o que intensificou as dúvidas sobre sua capacidade financeira.
Recentemente, a S&P Global Ratings rebaixou a nota de crédito global da Ambipar de “BB-” para “D”, classificação que indica default ou risco de calote, após a companhia obter uma liminar judicial para suspender execuções de credores.
Esses acontecimentos contribuíram para o colapso das ações, que acumulam queda superior a 90% em 2024, refletindo a perda de confiança dos investidores.
A empresa também vem sendo alvo de questionamentos relacionados aos Certificados de Operações Estruturadas (COEs), títulos de crédito atrelados ao desempenho da companhia. Muitos investidores relataram prejuízos expressivos após o não pagamento de parcelas desses instrumentos, evidenciando o agravamento da crise.
Desempenho das ações e reação do mercado
Apesar da turbulência, os papéis da Ambipar (AMBP3) mostraram volatilidade no pregão desta quinta-feira (9).
Após despencarem para R$ 0,68 na quarta-feira, acumulando queda de mais de 60% no mês, as ações subiram cerca de 30%, cotadas a R$ 0,91 às 13h06, segundo dados do mercado.
A recuperação pontual, segundo analistas, pode estar associada a movimentos especulativos de curto prazo e à expectativa de definições sobre o futuro da companhia, que avalia um pedido de recuperação judicial com o auxílio de assessores financeiros.
Mesmo com a alta momentânea, o valor de mercado da Ambipar permanece inferior a R$ 150 milhões, sinalizando uma forte deterioração de valor e um cenário de alto risco para acionistas e credores.
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