O domínio do dólar como principal moeda de reserva global está sob pressão. Após anos de diversificação das autoridades monetárias em direção ao ouro, um novo candidato começa a despontar: o Bitcoin (BTC).

Em relatório divulgado nesta semana, o Deutsche Bank afirmou que a maior criptomoeda do mundo pode se qualificar, ao lado do metal, como ativo de reserva nos próximos cinco anos.

“Avaliamos ambos os ativos com base em critérios-chave de reserva, como volatilidade, liquidez, valor estratégico e confiança. Concluímos que há espaço para que ouro e Bitcoin coexistam nos balanços dos bancos centrais até 2030”, diz o documento.

Por que Bitcoin e ouro?

O banco destaca que tanto o ouro quanto o BTC compartilham um fator central: a escassez. Enquanto o ouro é limitado pela própria natureza, o Bitcoin tem oferta máxima de 21 milhões de unidades, determinada desde sua criação em 2008. Essa característica cria um efeito desinflacionário, preservando valor frente às moedas fiduciárias, sujeitas à erosão causada pela inflação.

Outro ponto é a independência em relação a governos, vista como atrativo para diversificação das reservas internacionais. Além disso, a adoção crescente por empresas e investidores institucionais fortalece a tese. Hoje, cerca de 200 companhias no mundo mantêm Bitcoin em caixa, incluindo as brasileiras Méliuz (CASH3) e OranjeBTC, que deve estrear na B3 em outubro.

O fator Trump e o Fed

O relatório menciona ainda a possibilidade de os Estados Unidos criarem uma reserva oficial de Bitcoin, a partir de criptomoedas apreendidas, conforme sugerido em ordem executiva do presidente Donald Trump. Para analistas, se o Federal Reserve (Fed) adotar a medida, isso teria efeito estrutural sobre o mercado.

“Isso sim alavanca, inclusive dá segurança para outros players do mercado a adotar a mesma estratégia”, afirma Matheus Medeiros, CEO da Futokens.

Obstáculos pela frente

Apesar das semelhanças com o ouro, o Deutsche Bank ressalta que o Bitcoin ainda não reúne todos os atributos necessários para se consolidar como reserva global: volatilidade elevada, falta de confiança institucional e menor transparência seguem como barreiras.

O banco lembra, porém, que o próprio ouro passou por fases de instabilidade antes de se firmar como ativo de reserva.

Dólar ainda no topo

Mesmo com a ascensão do ouro e a possível entrada do BTC na disputa, a instituição conclui que nenhum desses ativos deve substituir o dólar como principal reserva global ou meio de pagamento internacional.

“Acreditamos que os países garantirão que o Bitcoin e outros ativos digitais não ameacem a soberania de suas moedas, assim como os EUA fizeram com o ouro nas décadas de 1930 e 1970”, afirma o relatório.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.