Nesta terça-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, protagonizam um momento histórico na Assembleia Geral da ONU. Pela primeira vez em 80 anos de Assembleias, os chefes de Estado de Brasil e EUA chegam com divergências tão profundas, após a imposição de novas sanções econômicas por parte de Washington.

A crise entre os dois países se intensificou nos últimos dias com a aplicação de tarifas extras e medidas punitivas contra autoridades brasileiras, incluindo a esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. O governo brasileiro considera tais ações uma “chantagem econômica” e intervenção indevida na soberania nacional, que serão temas centrais no discurso de Lula durante a Assembleia.

Crise inédita Brasil-EUA marca discursos na ONU

A tensão entre Brasil e Estados Unidos chega ao ápice justamente quando ambos os líderes abrem a Assembleia Geral da ONU. Lula deve defender o multilateralismo, enfatizando a necessidade de união internacional diante de conflitos globais e mudanças climáticas. O presidente brasileiro também abordará a importância da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro, considerada por ele como a “COP da verdade”, cobrando compromissos concretos de países ricos.

Por outro lado, Trump deve reforçar a posição dos EUA como potência global, criticando políticas ambientais e promovendo o apoio a Israel no conflito da Faixa de Gaza. O embate simboliza uma ruptura inédita na relação bilateral, que já dura 201 anos, mostrando que os desafios econômicos e geopolíticos podem influenciar diretamente a pauta da ONU.

Sanções dos EUA e a reação do Brasil

Menos de 24 horas após o anúncio de novas sanções, o governo brasileiro respondeu com firmeza. Segundo nota do Itamaraty, o país “não se curvará a mais essa agressão”. As medidas incluem aplicação da Lei Magnitsky a membros do governo brasileiro, gerando forte indignação do Planalto. Lula deve reforçar essa posição, condenando a imposição unilateral de tarifas e destacando a importância da soberania econômica.

As tentativas de negociação entre os dois países não avançaram. Interlocutores do Planalto afirmam que todos os contatos foram conduzidos diretamente por Trump e pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sem oferecer canais oficiais de diálogo, aumentando a frustração do governo brasileiro.

Discursos e pautas prioritárias

No seu discurso, Lula deve abordar ainda a defesa do Sul Global, alinhando-se com países do Brics, como China e Índia, e pleiteando maior representatividade dessas nações em decisões internacionais, incluindo a ampliação de cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A posição brasileira contrasta diretamente com a abordagem de Trump, que deve criticar a ONU sob outro enfoque, enfatizando o papel unilateral dos Estados Unidos no cenário global.

Além disso, o líder brasileiro deve abordar temas econômicos e climáticos, criticando tarifas e medidas punitivas dos EUA que impactam o Brasil, mas reforçando a necessidade de cooperação internacional e diálogo multilateral, fortalecendo o patriotismo e a imagem de defesa da soberania nacional.

Possível encontro entre Lula e Trump nos bastidores

Apesar da tensão, existe a possibilidade de um encontro rápido entre os dois líderes nos bastidores da Assembleia Geral. A tradição da ONU indica que Lula será o primeiro a discursar, seguido de Trump. O governo brasileiro, no entanto, não demonstra grande expectativa para esse contato informal, que ocorreria apenas na antessala do plenário.

Antes de sua fala, Lula terá uma reunião rápida com o secretário-geral da ONU, António Guterres, garantindo alinhamento sobre o protocolo e reforçando a importância da cooperação internacional em temas globais, como paz, economia e clima.

Agenda da Assembleia e relevância internacional

A abertura da Assembleia Geral da ONU segue a ordem tradicional: António Guterres, diretor-geral da ONU, inicia a sessão, seguido pela presidente da Assembleia, Annalena Baerbock, e depois os discursos de Lula e Trump. A pauta da reunião inclui debates sobre conflitos internacionais, mudanças climáticas, sustentabilidade e a defesa de uma ordem multilateral justa.

O discurso de Lula deve destacar ainda a COP30 em Belém, defendendo compromissos de países ricos e reafirmando o protagonismo do Brasil no cenário climático global. Em contraste, Trump deve reforçar a política de não participação dos EUA em certos acordos ambientais, mantendo a divergência sobre a agenda climática.

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