Taxas do Tesouro IPCA em alta: é hora de investir?
Com rentabilidades reais acima de 7 % ao ano, o Tesouro IPCA tem atraído atenção em 2025. Entenda como funciona e o que está elevando as taxas
Foto: Canva
As taxas do Tesouro Direto atingiram em setembro o maior nível do ano, elevando a rentabilidade real oferecida aos investidores. O Tesouro IPCA+ 2040, por exemplo, passou a pagar IPCA + 7,28% ao ano (contra 7,13% no fim de agosto).
Diante desse cenário, alguns investidores se perguntam se é hora de aproveitar as taxas elevadas do Tesouro IPCA.
Para descobrir se esse tipo de investimento é indicado para o seu perfil, vamos entender como funciona esse tipo de título, forma de rentabilidade e os fatores macroeconômicos que influenciam suas taxas, além das vantagens e riscos no longo prazo.
Continue a leitura e saiba mais sobre o Tesouro IPCA:
O que é o Tesouro IPCA e como funciona
O Tesouro IPCA é um título público federal do Brasil emitido pelo Tesouro Nacional, parte do programa Tesouro Direto, que une:
- correção pela inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo);
- uma taxa de juros real fixa, definida no momento da compra.
Essa combinação garante que o rendimento preserva o poder de compra, pois a inflação é compensada, e você ganha “por cima” dela.
Há duas modalidades principais:
- Tesouro IPCA+ (sem juros semestrais) – o investidor só recebe os rendimentos (corrigidos pela inflação + taxa fixa) no vencimento do título.
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais – paga cupons a cada seis meses (juros fixos somados à inflação).
Diferença entre Tesouro IPCA+ com juros semestrais e sem
| ASPECTO | SEM JUROS SEMESTRAIS | COM JUROS SEMESTRAIS |
| Fluxo de caixa | Só no vencimento | A cada 6 meses |
| Volatilidade até o vencimento | Geralmente maior, pois todo o retorno está “acumulado” | Tende a variar menos ao longo do tempo, já que há pagamentos intermediários |
| Ideal para quem | Pagar objetivos de longo prazo, aposentadoria, reserva de emergência de longo prazo | Quem precisa de algum rendimento periódico ou prefere “realizar parte dos ganhos” com cupons |
| Riscos ao resgatar antes do vencimento | Alta sensibilidade a marcação a mercado – se o mercado de taxas subir, o valor de venda pode sofrer muito | Também sofre marcação, mas o impacto costuma ser um pouco menor por causa dos cupons já recebidos em parte |
Como é feito o cálculo da rentabilidade (IPCA + taxa fixa)
A fórmula do retorno “real” do Tesouro IPCA+ envolve dois componentes:
- Inflação acumulada (IPCA) no período que o título fica ativo.
- Taxa fixa anual (juros real) contratada no momento da compra.
Então, o rendimento nominal total até o vencimento ≈ (1 + taxa fixa) × (1 + inflação) – 1.
Se você resgatar antes do vencimento, o valor que receberá dependerá do preço de mercado do título, que varia conforme:
- cenário de taxas de juros no mercado;
- expectativas de inflação futura;
- oferta/demanda por títulos públicos.
Além disso, incidem custos como imposto de renda (tabela regressiva) e taxa de custódia da B3.
Por que as taxas do Tesouro IPCA dispararam em 2025?
Vários fatores macroeconômicos e políticos explicam a alta das taxas reais oferecidas:
- Inflação persistente acima da meta leva os investidores a exigir prêmios maiores para risco de desvalorização.
- Taxa básica de juros (Selic) alta: quando Selic está elevada, o custo de oportunidade aumenta, e títulos de longo prazo precisam oferecer mais para competir.
- Percepção de risco fiscal / déficit público crescente. No Brasil, déficit primário elevado e crescimento da dívida pública elevam o risco de crédito percebido, pressionando as taxas para cima.
- Cenário global de taxas mais altas: investidores globais exigem retorno maior de ativos de países emergentes, inclusive títulos públicos brasileiros.
- Incertezas políticas: instabilidades ou dúvidas sobre reformas, ou políticas fiscais, afetam o prêmio de risco.
Vantagens do Tesouro IPCA foco no longo prazo
Proteção contra inflação
Como o rendimento é atrelado ao IPCA, o poder de compra do que foi investido está protegido. Se a inflação subir, você “pega isso” no retorno corrigido.
Previsibilidade da rentabilidade real
Se manter o título até o vencimento, você garante que ganhará, acima da inflação, a taxa real contratada. Isso oferece previsibilidade importante para planejamento financeiro (aposentadoria, metas de longo prazo).
Aposentadoria e metas futuras
Para objetivos com prazos de 10-20-30 anos, IPCA+ é excelente pela combinação de proteção inflacionária + taxa real fixa. Específico para quem quer garantir que o valor aplicado não seja corroído pelo aumento geral de preços.
Leia também:
Riscos e cuidados ao investir no Tesouro
Marcação a mercado (volatilidade antes do vencimento)
Se precisar vender antes do vencimento, o valor dependerá do preço naquele momento — taxas de juros, expectativas de inflação e demanda impactam esse preço. Pode ocorrer desvalorização significativa em curto e médio prazo.
Comparação com alternativas: Prefixados, CDBs, FIIs de papel
| ALTERNATIVA | QUANDO PODE SER VANTAJOSO |
| Tesouro Prefixado | Se o investidor acredita que as taxas de juros vão cair no futuro — aí, garantir taxa fixa hoje pode render acima do IPCA+ em certas jornadas. |
| CDBs | Para liquidez intermediária ou prazos mais curtos, e se oferecerem rendimento real competitivo; mas normalmente têm tributação e risco de crédito maiores. |
| FIIs de papel | Podem gerar renda mensal, mas com riscos de crédito, vacância, e retorno real incerto dependendo da inflação e dos contratos; mais complexos de comparar diretamente com IPCA+, que é muito mais previsível e seguro. |
Quando cada alternativa pode ser mais vantajosa
- Se você precisa de fluxo de caixa (por exemplo, para complementar a renda), o IPCA+ com juros semestrais pode ser melhor.
- Se você não vai resgatar cedo, e quer maximizar retorno real, sem interrupções, o IPCA+ sem pagamento semestral pode gerar mais efeito de juros compostos.
- Se espera que taxas de juros nominais caiam (e inflação moderada), títulos prefixados podem superar o IPCA+ em determinados prazos.
- Para metas de prazo muito curto, pode ser que Selic ou CDBs de curto prazo ofereçam menor risco.
Como investir no Tesouro IPCA
- Abra conta em uma corretora ou banco habilitado para Tesouro Direto.
- Acesse a plataforma do Tesouro Direto: verifique os títulos IPCA+ disponíveis e suas taxas reais atuais.
- Escolha entre modalidade com ou sem cupons, conforme seu objetivo.
- Defina o vencimento que se alinha ao seu horizonte de investimento (5, 10, 15, 20+ anos).
- Verifique custos implicados: imposto de renda (regressivo), taxa de custódia da B3, taxas da corretora, e fique consciente sobre risco de resgate antecipado.
- Mantenha acompanhamento das expectativas de inflação, juros e situação fiscal, para decisões de rotação ou necessidade de resgate.
Em detalhes no artigo:
Conclusão: para quem o Tesouro IPCA é indicado?
Se você:
- tem objetivos de longo prazo (aposentadoria, metas daqui a 10-30 anos);
- quer proteção contra inflação;
- está disposto a manter o título até o vencimento (ou ao menos sem resgatar em momentos críticos de alta de taxas);
- não depende do investimento para liquidez imediata ou renda mensal (a menos que opte pela versão com cupons);
… então, sim, o Tesouro IPCA está entre as melhores opções atuais de renda fixa para garantir retorno real, previsível e seguro.
Por outro lado, se você:
- pode precisar do dinheiro antes;
- está pessimista com inflação futura ou taxas futuras;
- acredita que prefixados ou outros ativos vão superar IPCA+ dados os cenários;
… talvez valha fazer uma alocação diversificada, com parte em IPCA+, parte em prefixados ou ativos híbridos, para balancear risco vs retorno.
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