Copom faz interrupção no ciclo de alta da Selic, afirma BC
O Copom manteve a taxa Selic em 15%, mas não pausou o ciclo de alta, apenas interrompeu para avaliar os efeitos do aperto monetário iniciado em dezembro.
Foto: Divulgação
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic estável em 15% ao ano na última reunião, mas essa decisão não significa uma pausa definitiva no ciclo de alta dos juros. Segundo Nilton David, diretor de política monetária do Banco Central (BC), a escolha representa uma “interrupção” temporária para avaliar os impactos do aperto monetário iniciado em dezembro de 2022.
Copom mantém Selic estável, mas ciclo de alta segue em avaliação
Na reunião realizada em julho, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, indicando que a estabilidade não representa uma pausa no ciclo de alta da Selic. Nilton David explicou que o Banco Central está adotando uma postura contracionista diante de um cenário de elevada incerteza econômica, mantendo os juros em um patamar restritivo para conter a inflação persistente.
Segundo ele, o período atual é uma fase de interrupção do ciclo de aperto monetário, adotada para “sentir” e compreender as consequências das medidas já implementadas antes de avançar com novos ajustes. “Várias coisas mexeram muito e em intensidade elevada em um curto intervalo de tempo. Por isso, o BC decidiu fazer uma interrupção para tentar perceber os efeitos antes de dar o próximo passo”, afirmou David no evento Porto Asset Day.
Sinais de desaceleração econômica indicam efeito da política monetária
O diretor de política monetária destacou que já existem indícios de que o aperto nos juros começa a impactar a economia. Entre os sinais apontados estão o aperto do crédito, a revisão para baixo das projeções de inflação no Boletim Focus, e o comportamento do câmbio, que sugere uma resposta aos juros elevados.
Entretanto, ele reforça a necessidade de paciência, pois os efeitos completos das medidas demoram a ser percebidos, especialmente no mercado de trabalho. “O mercado de trabalho, principalmente em setores que demandam muita mão de obra, como serviços e construção, costuma ser o último a reagir”, explicou.
Banco Central mantém cautela e flexibilidade para futuras decisões
Diante desse cenário, o Banco Central prefere aguardar o desenrolar dos acontecimentos antes de tomar novas decisões sobre a política monetária. Nilton David frisou que a instituição está preparada para ajustar sua estratégia conforme a evolução do cenário econômico e dos indicadores de inflação. “Pode ser que estejamos mais contracionistas do que deveríamos ou menos. Para isso, precisamos de tempo — é por isso que temos a interrupção, e não uma pausa”, comentou.
Incertezas internacionais pressionam manutenção dos juros elevados
No âmbito internacional, o diretor ressaltou que as negociações sobre tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras ainda não foram concluídas, o que contribui para a incerteza do cenário externo. Esses riscos reforçam a necessidade de manter juros elevados por enquanto, para proteger a economia brasileira de choques externos.
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