A menos de 100 dias para a realização da COP30 em Belém, o governo brasileiro reafirma o compromisso com a cidade amazônica como sede da próxima cúpula climática da ONU, mesmo diante de pressões internacionais e críticas à infraestrutura local. A decisão envolve bilhões de reais em investimentos e coloca a floresta amazônica no centro das negociações globais sobre o clima.

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O governo federal não considera a possibilidade de transferir a COP30 em Belém para outra localidade, apesar das crescentes preocupações de delegações estrangeiras quanto à logística da conferência. Durante uma videoconferência com a imprensa, o embaixador André Corrêa do Lago, que preside a COP30, foi enfático: “A COP será em Belém, a cúpula dos líderes será em Belém. Não há plano B”.

A declaração veio após uma reunião emergencial no escritório climático das Nações Unidas (UNFCCC), onde representantes de diversos países, principalmente em desenvolvimento, alertaram sobre os preços exorbitantes de hospedagem e as limitações da infraestrutura da capital paraense. Segundo relatos, a própria UNFCCC sugeriu a realocação parcial do evento — proposta rejeitada pelo Brasil.

Hospedagem se torna o principal desafio para a COP30 em Belém

Um dos pontos mais críticos é a escassez de acomodações adequadas em Belém. A cidade, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, possui uma rede hoteleira limitada, o que gerou uma disparada nos preços. Relatórios apontam que as tarifas estão entre 10 e 15 vezes acima do normal — muito acima dos padrões de outras edições da conferência do clima, onde o aumento raramente ultrapassa três vezes o valor usual.

Para mitigar o problema, o governo brasileiro lançou uma plataforma oficial de reservas. No entanto, já na primeira manhã de funcionamento, o sistema registrava fila de espera superior a 2.000 pessoas. As diárias anunciadas variavam entre US$ 360 e US$ 4.400, valor muito acima dos US$ 146 previstos pela ONU para cobrir hospedagem, transporte e alimentação de diplomatas dos países menos desenvolvidos.

Governo investe R$ 4 bilhões para viabilizar a COP30 em Belém

Mesmo com as críticas, o governo brasileiro segue firme na decisão de manter a COP30 em Belém e aposta em uma robusta reestruturação urbana para garantir a realização do evento. Estão previstos cerca de R$ 4 bilhões em investimentos federais em infraestrutura, além de aportes adicionais do governo do Pará.

Essas melhorias incluem reformas em aeroportos, ampliação da rede hoteleira, modernização dos sistemas de transporte público e obras de mobilidade urbana. A intenção é não apenas garantir a realização da COP, mas também deixar um legado duradouro para a população local.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reafirmado o desejo de apresentar a floresta amazônica ao mundo como símbolo do protagonismo brasileiro nas discussões ambientais. O governador do Pará, Hélder Barbalho, aliado político do presidente, também tem interesse em usar o evento para atrair investimentos ao estado, tanto públicos quanto privados.

Preocupações logísticas vão além da hospedagem

Além da crise na hotelaria, países também relataram preocupação com a distância entre os alojamentos e os centros de decisão da COP30 em Belém, o que pode prejudicar as negociações e a logística das delegações. Outro ponto levantado diz respeito à oferta de alimentação, já que muitas acomodações serão casas alugadas, sem serviços incluídos.

Também há dúvidas sobre a capacidade do aeroporto de Belém para lidar com o fluxo extraordinário de visitantes, algo essencial para o sucesso da conferência, que deverá reunir dezenas de chefes de Estado e milhares de delegados de todo o mundo.

Mesmo assim, o Palácio do Planalto declarou que “não há qualquer discussão para mudança da cidade-sede da COP30” e reafirmou o compromisso com uma conferência “ampla, inclusiva e acessível”.

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