BTG aposta na manutenção da Selic em 15% e descarta cortes para 2025
O BTG Pactual prevê que o Copom manterá a taxa Selic em 15% ao ano na reunião de 30 de julho, descartando cortes em 2025.

O BTG Pactual projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a Selic em 15% ao ano na próxima reunião, marcada para esta quarta-feira (30). Segundo os analistas do banco, não há expectativa para início de cortes na taxa de juros em 2025, devido à necessidade de manter uma política monetária contracionista diante da inflação ainda persistente e dos riscos externos, como o recente choque tarifário imposto pelos Estados Unidos.
Por que o BTG aposta na manutenção da Selic em 15%?
A decisão do Copom, que ocorre em Brasília, está cercada de incertezas, mas o BTG destaca que a Selic deve permanecer no atual patamar de 15% ao ano. Isso ocorre porque os dados recentes de inflação e atividade econômica não indicam motivos para flexibilização da política monetária. Desde a última decisão em junho, o Banco Central tem reforçado a interrupção do ciclo de aperto, mas mantém o discurso de vigilância rigorosa para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.
Segundo os analistas Bruno Balassiano, Bruno Martins e Iana Ferrão, do BTG, “a manutenção da Selic em 15% reflete a necessidade de juros restritivos por um período prolongado, diante das expectativas de inflação ainda desancoradas.” Para eles, o cenário exige cautela, especialmente diante dos impactos potenciais do conflito tarifário dos EUA sobre preços, câmbio e confiança no mercado.
O impacto das tarifas dos Estados Unidos e a incerteza no cenário econômico
Um fator importante que reforça a posição do BTG é o choque tarifário de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros. Embora os impactos diretos possam ser limitados no curto prazo, os efeitos indiretos, como o aumento da incerteza e a possibilidade de retração nos investimentos, elevam os riscos para o crescimento do país.
Essa medida americana gera um ambiente de cautela para o Copom, que deve levar em conta as possíveis repercussões na economia doméstica, especialmente na taxa de câmbio e na formação dos preços relativos. O banco destaca que a escalada desse conflito pode complicar a trajetória de inflação e dificultar a decisão de iniciar um ciclo de flexibilização monetária.
Economia brasileira desacelera, mas mercado de trabalho resiste
A atividade econômica do Brasil mostra sinais claros de desaceleração, sobretudo nos setores cíclicos como a indústria de transformação e o comércio varejista. O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre foi revisado para um crescimento tímido de 0,2%, refletindo a fraqueza desses setores, ainda que compensada parcialmente pelo desempenho das indústrias extrativas e da agropecuária.
No entanto, o mercado de trabalho continua resiliente, com uma forte geração líquida de empregos e taxa de desemprego que caiu para 6,1% em maio. Os salários nominais apresentam sinais de estabilização, mas as condições de crédito restritivas têm impacto direto na renda das famílias, limitando o consumo e a recuperação mais robusta da economia.
Inflação ainda acima da meta justifica manutenção dos juros altos
Embora a inflação apresente sinais de moderação, principalmente nos serviços subjacentes, o índice de preços ao consumidor (IPCA-15) de julho confirmou que a inflação subjacente permanece elevada. Itens como bens duráveis e semiduráveis apresentaram surpresas baixistas, mas a pressão inflacionária está concentrada em produtos voláteis.
Essa persistência da inflação acima da meta leva o Copom a optar pela manutenção dos juros em níveis elevados, evitando movimentos precipitados que possam comprometer o controle inflacionário no médio prazo. O BTG ressalta que a trajetória para a redução da Selic dependerá de dados concretos e sustentáveis sobre a desaceleração da inflação e o fechamento do hiato do produto.
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