A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, destacou em painel recente a importância de se preparar para a volatilidade cambial e econômica, diante do cenário global e das recentes medidas comerciais adotadas pelos Estados Unidos. Segundo o CFO da empresa, Marcelo Bacci, a mineradora não deve ser diretamente impactada pelas tarifas de 50% anunciadas pelo governo americano ao Brasil, mas reconhece que as oscilações no câmbio e nos juros podem trazer volatilidade para a operação. Para enfrentar esse cenário, a Vale reforça sua estratégia de manter uma estrutura financeira leve e trabalhar focada na redução de custos e eficiência.

Volatilidade cambial preocupa, mas impacto direto das tarifas é limitado

Em um painel realizado durante o evento XP Expert, Marcelo Bacci explicou que a participação da Vale no mercado dos Estados Unidos é relativamente pequena, com apenas 1% a 2% da produção exportada diretamente para o país. Por essa razão, a mineradora não deve sofrer grandes impactos diretos com as tarifas de 50% impostas pelo governo americano.

No entanto, o executivo enfatizou que o principal risco para a companhia vem da volatilidade cambial e dos juros, que afetam todas as exportadoras brasileiras. “Só trader de câmbio gosta de volatilidade”, disse Bacci, destacando que a instabilidade dificulta o planejamento financeiro das operações.

Para minimizar esses efeitos, a Vale utiliza estratégias de hedge (proteção cambial), que buscam mitigar os impactos das oscilações do dólar no resultado da empresa. Apesar de o dólar alto aumentar a receita da Vale — já que suas vendas são feitas em dólar —, a empresa também arca com custos em reais, o que demanda uma gestão cuidadosa da exposição cambial.

Estratégia da Vale: menos dívidas e foco em eficiência

Diante da volatilidade e da incerteza sobre preços e câmbio, a Vale mantém uma estratégia clara: operar com uma estrutura de capital leve, baixa alavancagem e alta liquidez. O CFO ressaltou que a mineradora precisa ter mais do que um plano A para sobreviver em um mercado volátil e cheio de incertezas.

“Quem trabalha com commodities não controla o preço e ainda enfrenta um ambiente brasileiro de câmbio e juros flutuantes. É essencial ter princípios sólidos e evitar trabalhar muito alavancado”, afirmou Bacci.

Além disso, a Vale está focada em cortar custos para recuperar a trajetória que a tornou uma das mineradoras com o menor custo global. O executivo destacou que a eficiência operacional é o diferencial para enfrentar períodos de queda de preços, como o que vem ocorrendo com o minério de ferro em 2025.

Minério de ferro em queda e pressões do mercado internacional

O preço médio do minério de ferro vendido pela Vale no segundo trimestre foi de US$ 85 por tonelada, o que representa uma queda de 13,3% em relação ao período anterior. Essa retração reflete as preocupações do mercado com o desaquecimento da economia chinesa, principal consumidor da commodity.

Essa queda de preço reforça a necessidade de a mineradora controlar rigorosamente seus custos e buscar eficiência, já que a receita sofre forte pressão em um momento de incertezas econômicas globais.

Resultados da Vale esperados com cautela pelo mercado

A Vale divulgará seus resultados referentes ao segundo trimestre no próximo dia 31. As estimativas das corretoras refletem um cenário cauteloso, com projeções de Ebitda (resultado operacional) na casa dos US$ 3,2 bilhões, ligeiramente abaixo do mesmo período do ano anterior.

Enquanto o Bradesco e o Itaú BBA mantêm essas estimativas, o Safra revisou suas projeções para cima, apontando um Ebitda estimado em US$ 3,55 bilhões, acima do consenso do mercado. Segundo o banco, os embarques e preços realizados foram um pouco melhores do que o esperado, especialmente para minério de ferro, pelotas e níquel.

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