Camil (CAML3) tem queda de 15,9% no lucro no 1T25
No primeiro trimestre de 2025, a Camil (CAML3) reportou queda de 15,9% no lucro líquido, totalizando R$ 66 milhões, com receita líquida em retração de 7,3%.

A Camil (CAML3), uma das maiores companhias do setor de alimentos da América Latina, divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2025 com retração nos principais indicadores financeiros. Em um cenário desafiador para o consumo interno e pressão nos custos, a companhia reportou lucro líquido de R$ 66 milhões, uma queda de 15,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os números foram revelados em relatório publicado na última semana, confirmando uma tendência de desaceleração no desempenho da empresa, que atua em segmentos como arroz, feijão, açúcar, pescados e café. A queda nos lucros reflete, principalmente, a redução da receita líquida e os impactos das estratégias de investimento em curso.
Queda no lucro e na receita pressiona resultados da Camil (CAML3)
No primeiro trimestre de 2025, a Camil (CAML3) registrou receita líquida de R$ 2,7 bilhões, um recuo de 7,3% na comparação com o mesmo período de 2024. A retração evidencia um enfraquecimento da demanda, com consumidores ainda cautelosos diante de um ambiente econômico desafiador.
Apesar da queda na receita, a empresa conseguiu manter margem bruta positiva, que cresceu 1 ponto percentual, alcançando 22,6%. O lucro bruto foi de R$ 606,1 milhões, o que representa um recuo mais moderado de 3,2%.
No mesmo período, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 8,4%, totalizando R$ 233,1 milhões, com margem EBITDA estável em 8,7%, praticamente repetindo o desempenho do 1T24.
Essa estabilidade relativa na margem EBITDA, mesmo diante da queda na receita, sinaliza uma boa gestão de custos e ganhos operacionais, embora o cenário geral ainda inspire cautela.
Investimentos crescem e elevam alavancagem
Em contrapartida à queda no lucro, a Camil (CAML3) reforçou seus aportes estratégicos no trimestre. O capex (investimentos em bens de capital) totalizou R$ 119,9 milhões, uma alta de 90,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço é atribuído aos investimentos na nova planta de grãos e na instalação de uma usina termoelétrica, com foco em eficiência energética e expansão da capacidade produtiva.
Esse movimento mais agressivo de investimento, contudo, impactou a estrutura de capital da companhia. A alavancagem financeira, medida pela razão entre dívida líquida e EBITDA, subiu de 3,3x para 4,1x na comparação anual, indicando maior pressão sobre o endividamento da empresa.
Estratégia da Camil (CAML3) diante de um cenário mais restritivo
A companhia tem buscado mitigar os efeitos do ambiente macroeconômico com ações de reposicionamento estratégico e investimentos em inovação. Com a aquisição de marcas regionais e ampliação da presença nos mercados de café e pescados, a Camil (CAML3) diversifica sua atuação e tenta reduzir a dependência de commodities agrícolas tradicionais.
Mesmo assim, a forte concorrência no varejo, aliada à pressão sobre os preços e margens, desafia a companhia a manter rentabilidade com sustentabilidade. A alta da alavancagem pode limitar, no curto prazo, novos movimentos de expansão, exigindo foco na geração de caixa e eficiência operacional.