Na última quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. Essa decisão gerou dúvidas e movimentações no mercado, especialmente em relação ao impacto da tarifa de Trump na Petrobras (PETR4), uma das maiores empresas brasileiras e que tem participação relevante no mercado internacional de petróleo e derivados.

Quais os efeitos da tarifa de Trump na Petrobras?

A Petrobras divulgou que está avaliando cuidadosamente o impacto dessa tarifa e mantém a estratégia de buscar sempre a melhor alternativa para a empresa em qualquer cenário. A estatal enfatizou que seu posicionamento comercial global permite monitorar constantemente os movimentos do mercado internacional e identificar as opções mais econômicas e vantajosas.

Analistas financeiros destacam que a exposição da Petrobras ao mercado norte-americano é relativamente pequena. Segundo a XP Investimentos, cerca de 4% da receita da empresa vem das exportações de petróleo bruto e derivados para os Estados Unidos. Já o BTG Pactual ressalta que, apesar de os combustíveis representarem 37% das exportações brasileiras para os EUA, os volumes são baixos e podem ser facilmente redirecionados para outras regiões.

Reação imediata do mercado financeiro à tarifa

Após o anúncio da tarifa, as ações da Petrobras registraram queda tanto no mercado brasileiro quanto na Bolsa de Nova York. Na NYSE, os ADRs da empresa caíram quase 2% no pregão pré-mercado, enquanto na B3, as ações preferenciais (PETR4) abriram o pregão em baixa de aproximadamente 1%, e as ordinárias (PETR3) recuaram 0,54%. Essa movimentação reflete a preocupação inicial dos investidores com os possíveis impactos econômicos da medida.

Incertezas sobre a aplicação da tarifa e possíveis alternativas

Ainda existe uma grande dúvida sobre se o petróleo bruto será incluído na lista de produtos tarifados. No anúncio, Trump vinculou a tarifa a questões políticas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não especificou se o petróleo está isento ou não.

Caso o petróleo fique sujeito à tarifa, a Petrobras poderá redirecionar suas exportações para outros mercados, como o asiático, o que pode implicar concessões de preços para competir nesses novos destinos. A consultoria StoneX avalia que, nesse cenário, pode haver uma mudança no perfil dos compradores, com maior participação de países da Ásia e menor dependência dos Estados Unidos.

No curto prazo, o setor pode enfrentar um recuo nas exportações enquanto as adaptações são feitas, mas as consultorias apontam que o impacto direto tende a ser limitado devido à flexibilidade da empresa em buscar novas parcerias comerciais.

Entenda o contexto da tarifa de Trump e o comércio Brasil-EUA

A decisão de impor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA foi anunciada em carta oficial enviada por Trump ao governo brasileiro, vinculando a medida a questões políticas internas do Brasil.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, especialmente em commodities. Dados de 2024 mostram que cerca de 18,8% das exportações brasileiras para os EUA são compostas por petróleo bruto e derivados. No mesmo ano, o Brasil exportou aproximadamente US$ 7,6 bilhões em petróleo e combustíveis para o mercado norte-americano, valor que representa 13,4% das exportações totais brasileiras desse setor.