As ações da Americanas (AMER3) registraram um avanço expressivo nas últimas semanas, com valorização acumulada de 12% em junho, mesmo diante de um cenário desafiador para o varejo e da continuidade do processo de recuperação judicial da empresa. O principal motivo para esse movimento de alta é a assinatura de um acordo relevante com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que gerou alívio financeiro e melhorou a perspectiva dos investidores em relação ao futuro da companhia.

A alta das ações aconteceu em junho de 2025, na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), impulsionada por um acordo firmado entre a Americanas e a PGFN. O pacto possibilita a quitação integral de débitos fiscais com desconto significativo, o que representa uma melhora na estrutura de capital da empresa. Esse avanço reforça a percepção de que a varejista, apesar dos enormes desafios, começa a dar sinais mais claros de recuperação.

Acordo fiscal é marco para a recuperação da Americanas (AMER3)

No dia 13 de junho, a Americanas comunicou oficialmente ao mercado que firmou um acordo com a PGFN para quitar cerca de R$ 865 milhões em dívidas fiscais. A negociação inclui descontos de até 100% em juros e multas, com abatimento total limitado a 70% do valor dos débitos, o que representa uma economia superior a R$ 500 milhões para a companhia.

Esse passo foi interpretado como crucial no processo de recuperação judicial iniciado no início de 2023, após a descoberta de uma fraude contábil bilionária. Além da redução da dívida, o acordo com a PGFN libera garantias judiciais, reduz custos com litígios e amplia a visibilidade sobre a saúde financeira da empresa.

A analista Caroline Sanchez, da Levante Inside Corp, comentou que esse avanço pode servir como um “sinal de que a empresa está conseguindo renegociar com seus principais credores e preservar caixa, o que melhora a percepção de risco”.

Para o investidor, isso pode significar maior segurança no curto prazo, principalmente quando somado a outras iniciativas em andamento no plano de recuperação da varejista.

Oscilações nas ações refletem sensibilidade do mercado

Mesmo sem novos anúncios nos últimos dias, o mercado reagiu de forma intensa à melhora fiscal da empresa. No pregão de terça-feira (24), por exemplo, a ação da Americanas (AMER3) chegou a subir 14%, mesmo em um dia negativo para o Ibovespa. Já na quarta-feira (25), após abrir com alta de 7%, o papel virou para queda ao longo do dia, fechando com recuo de 2,97%, cotado a R$ 5,88.

Essas movimentações reforçam a característica de alta volatilidade dos ativos da companhia. Segundo analistas, o papel possui baixa liquidez e reage fortemente a qualquer notícia considerada positiva no contexto da reestruturação.

O comportamento recente indica que o mercado está atento a cada novo passo da Americanas. Para investidores de perfil mais especulativo, esses momentos de valorização repentina podem representar oportunidades — ainda que carreguem riscos consideráveis.

Investir em Americanas (AMER3): oportunidade ou aposta arriscada?

A pergunta que muitos investidores se fazem neste momento é: vale a pena investir em Americanas (AMER3)? Para alguns analistas, a resposta ainda é “depende”.

De acordo com Felipe Sant’Anna, especialista do Grupo Axia Investing, a empresa tem buscado reconstruir sua imagem após a crise contábil, e a renegociação da dívida com a PGFN representa uma vitória relevante. “Reduz a alavancagem e melhora indicadores, o que pode abrir espaço para novos investimentos no futuro”, afirma.

No entanto, Sant’Anna também faz um alerta:

“Mesmo com as ações sendo negociadas por volta de R$ 6,00, não vejo atratividade de longo prazo no papel. O setor de varejo segue pressionado, e o risco ainda é elevado. Hoje, vejo a ação mais como uma aposta especulativa do que como um investimento sólido.”