Ações da Vale (VALE3) recuam mais de 3% na semana com incertezas sobre China e minério de ferro
Queda das ações da Vale (VALE3) se intensifica diante de cenário externo desfavorável
Ações da Vale (VALE3) recuam mais de 3% na semana com incertezas sobre China e minério de ferro
As ações da Vale (VALE3) iniciaram a sessão desta sexta-feira (20) em queda, estendendo a trajetória negativa observada ao longo da semana. Às 12h07, os papéis registravam recuo de 1,87%, sendo negociados a R$ 50,28 — o menor patamar desde o dia 9 de abril. No acumulado semanal, a perda já ultrapassa 3,5%.
Essa desvalorização reflete o aumento da cautela dos investidores frente a fatores externos, especialmente relacionados à economia chinesa e ao comportamento do mercado de minério de ferro. Ambos os elementos são cruciais para o desempenho financeiro da Vale, cuja receita depende majoritariamente da exportação da commodity para o mercado asiático.
Incertezas na China impactam demanda por minério e pressionam ações da Vale (VALE3)
O principal motivo por trás da recente queda nas ações da Vale (VALE3) é a percepção de que a demanda por minério de ferro pode continuar fragilizada. A economia chinesa, principal consumidora do insumo, vem demonstrando sinais de enfraquecimento desde o período pós-pandemia. Embora o governo da China tenha adotado medidas de estímulo para recuperar o crescimento, os resultados têm sido limitados.
A imposição de tarifas comerciais adicionais por parte dos Estados Unidos sobre produtos chineses acentuou ainda mais as preocupações quanto ao ritmo de expansão do país asiático. Um crescimento mais lento da China tende a reduzir a demanda por minério de ferro — um impacto direto sobre as operações da Vale.
Além disso, o mercado entra agora em um período considerado sazonalmente mais fraco para a commodity. Tradicionalmente, o segundo semestre tende a apresentar menor ritmo de produção industrial, o que influencia o preço da tonelada de minério.
Desvalorização do dólar pressiona receitas da mineradora
Outro fator que vem contribuindo para a queda nas ações da Vale (VALE3) é o desempenho do câmbio. Em junho, o dólar já acumula queda superior a 3% frente ao real. Desde o início de 2025, a desvalorização chega a quase 11%.
Como a maior parte das receitas da Vale é dolarizada, um dólar mais fraco significa menos recursos em reais entrando no caixa da companhia. Segundo Alexandre Pletes, especialista da Faz Capital, esse movimento cambial afeta diretamente o resultado operacional da mineradora, especialmente em um cenário de preços mais estáveis para o minério.
Apesar do recuo, analistas mantêm visão positiva sobre o papel
Apesar da queda semanal das ações da Vale (VALE3), parte do mercado segue confiante na recuperação dos papéis ao longo do segundo semestre. A Ágora Investimentos, por exemplo, mantém recomendação de compra para VALE3, com preço-alvo de R$ 78 até dezembro de 2025 — o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 55% em relação ao nível atual.
Segundo relatório da casa, a demanda por minério de ferro nas siderúrgicas chinesas permanece sólida, com estoques de aço e minério ainda em níveis baixos. Isso deve sustentar os preços próximos de US$ 100 por tonelada, patamar considerado suficiente para que a Vale continue gerando caixa de forma robusta.
A expectativa é que a companhia gere entre 10% e 13% do seu valor de mercado em fluxo de caixa livre tanto em 2025 quanto em 2026. Tal desempenho reforça a perspectiva de pagamento de dividendos relevantes no segundo semestre. A Ágora estima um Dividend Yield de 10% ao ano, destacando o compromisso da mineradora em manter uma política de remuneração consistente para seus acionistas — seja via dividendos ou programas de recompra de ações.