Lee Jae-myung foi eleito presidente da Coreia do Sul na eleição antecipada realizada na última terça-feira (3), em um pleito marcado por forte mobilização popular. Com 49,4% dos votos, o candidato do oposicionista Partido Democrático superou Kim Moon-soo, do Partido do Poder do Povo (PPP), que obteve 41,1%.

A vitória representa uma guinada política na quarta maior economia da Ásia, meses após a crise institucional provocada pelo ex-presidente Yoon Suk-yeol.

Participação recorde e rejeição à lei marcial

A eleição contou com a maior taxa de comparecimento desde 1997: quase 80% dos 44,39 milhões de eleitores aptos foram às urnas. Lee classificou o pleito como um “dia de julgamento” contra a tentativa de autogolpe de Yoon, que em dezembro de 2024 decretou lei marcial e suspendeu a Assembleia Nacional.

Sob a liderança de Lee, no seu segundo mandato como parlamentar, o Legislativo derrubou o decreto poucas horas após sua publicação. O episódio gerou forte reação parlamentar e popular, culminando no impeachment de Yoon em abril deste ano.

Lee Jae-myung
Militares no parlamento sul-coreano após a queda da Lei Marcial (Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images/Divulgação)

Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lee prometeu restaurar a ordem democrática e garantir que “nunca mais haja um golpe militar com armas e espadas voltadas contra o povo”. Ele também defendeu a união nacional após meses de instabilidade e afirmou que sua gestão será pautada pelo diálogo com todas as forças políticas.

“Acionarei imediatamente uma força-tarefa de resposta econômica emergencial para restaurar a subsistência da população e reanimar a economia”, declarou

Relações internacionais: Coréia do Norte, China e EUA

Na política externa, Lee sinaliza uma postura pragmática, com foco na estabilidade regional. Ele declarou a intenção de adotar uma abordagem mais conciliadora em relação à Coreia do Norte, país que permanece tecnicamente em guerra com o sul da península desde o armistício de 1953.

Reiterando o compromisso histórico com a paz na Península Coreana, o novo presidente prometeu “responder firmemente às ameaças nucleares da Coreia do Norte, ao mesmo tempo em que mantém abertos os canais de diálogo”.

Além disso, o novo presidente declarou a pretensão de promover uma reaproximação com a China — principal parceiro comercial do país — ao mesmo tempo, reforçou a importância da aliança militar com os Estados Unidos.

Um dos principais desafios do novo governo será negociar com a administração de Donald Trump a manutenção da suspensão das tarifas sobre produtos sul-coreanos, válida até 8 de julho.

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Quem é Lee Jae-myung? Do chão de fábrica à presidência

Um dos grandes apelos ao nome de Lee Jae-myung é sua origem humilde. Nascido em Andong, cidade ribeirinha no sudeste do país, Lee é o quinto de sete filhos de uma família pobre.

Ainda na adolescência, começou a trabalhar em fábricas, mas seu bom desempenho escolar lhe garantiu uma bolsa integral para cursar Direito na Universidade Chung-Ang. A partir daí, sua carreira passou a ser marcada por cargos de destaque na vida pública.

  • Atuou como advogado de direitos humanos
  • Ingressou na política em 2010 como prefeito de Seongnam.
  • Em 2018, tornou-se governador da província de Gyeonggi, a mais populosa da Coreia do Sul.
  • Agora, em 2025, se tornou presidente da Coreia do Sul.

A carreira de Lee também foi marcada por momentos dramáticos. Em janeiro de 2024, sobreviveu a um atentado durante um evento público em Busan, quando foi esfaqueado no pescoço. Na época, o partido democrata denunciou o episódio como um “ato de terror político”.

No fim daquele ano, teve papel central na resistência à lei marcial, liderando parlamentares que realizaram uma votação de emergência para restaurar a ordem democrática. A cena de Lee pulando uma cerca para entrar na Assembleia viralizou nas redes sociais.

Desafios internos e processos pendentes

Apesar do avanço em popularidade, Lee ainda enfrenta resistência de setores conservadores e responde a uma série de desafios legais. Ele é acusado de violar a lei eleitoral, abusar do poder durante sua gestão pública e de envolvimento em um suposto envio ilegal de recursos à Coreia do Norte — todas as acusações são negadas por ele.

Durante uma entrevista concedida à CNN em dezembro, ele denunciou que os processos movidos contra si carecem de provas e seriam impulsionados por interesses políticos. Ainda há dúvidas sobre se esses julgamentos serão suspensos durante seu mandato, já que a imunidade presidencial pode não cobrir processos iniciados antes da posse.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.