Protesto na Marginal Pinheiros causa bloqueios e suspende rodízio em São Paulo
Manifestações por moradia geraram caos no trânsito e afetaram o transporte público na capital paulista nesta segunda-feira (26)

Os protestos em São Paulo por moradia provocaram uma série de transtornos nesta segunda-feira (26), impactando diretamente o trânsito, o transporte ferroviário e a rotina de milhares de paulistanos. Manifestantes bloquearam importantes avenidas nas zonas oeste e leste da capital, além de comprometerem a circulação de trens das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da ViaMobilidade. O rodízio municipal de veículos foi suspenso temporariamente nas marginais Pinheiros e Tietê.
Os atos começaram no início da manhã e foram organizados por moradores de comunidades ameaçadas por ordens de reintegração de posse. A resposta da Polícia Militar incluiu o uso do Batalhão de Choque e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
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Protestos em São Paulo interditam marginais e afetam trens da ViaMobilidade
O primeiro grande impacto dos protestos em São Paulo foi registrado nas imediações do Cebolão, onde as marginais Pinheiros e Tietê se encontram. A marginal Pinheiros, no sentido Interlagos, ficou bloqueada, sendo liberada apenas pouco antes das 7h da manhã. A marginal Tietê também apresentou lentidão no sentido Castello Branco, devido ao reflexo do congestionamento.
A mobilidade sobre trilhos também foi prejudicada. Um foco de incêndio nos trilhos comprometeu a operação das linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante da ViaMobilidade. A circulação dos trens foi interrompida na estação Presidente Altino por aproximadamente uma hora. A concessionária informou que a normalização total só ocorreu às 8h40.
Esses transtornos coincidiram com o horário de pico na capital paulista, agravando o já intenso tráfego matinal.
CET suspende rodízio nas marginais durante manifestação
Diante da paralisação parcial das marginais, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que o rodízio municipal de veículos foi suspenso nas vias afetadas. Carros com placas finais 1 e 2, que estariam proibidos de circular no centro expandido das 7h às 10h, puderam trafegar sem risco de multa nas marginais Tietê e Pinheiros.
Segundo a CET, a medida buscou minimizar o impacto dos protestos em São Paulo sobre o deslocamento da população, considerando os bloqueios e congestionamentos em andamento.
Moradores da favela do Areião protestam contra despejos
Um dos principais focos dos protestos ocorreu no bairro do Jaguaré, zona oeste da cidade, onde moradores da favela do Areião se mobilizaram contra pedidos de reintegração de posse. Com faixas do movimento Luta Popular, os manifestantes reivindicavam o direito à moradia e denunciavam ameaças de despejo.
Segundo levantamento de 2014, cerca de 1.500 famílias vivem na comunidade, que ocupa uma área de aproximadamente 1.800 metros quadrados. Até o momento, nem o Governo do Estado de São Paulo nem a Prefeitura se manifestaram oficialmente sobre possíveis ações de despejo na região.
A tensão aumentou quando o Batalhão de Choque da Polícia Militar interveio com bombas de efeito moral. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, cerca de 100 pessoas participavam da manifestação e os policiais foram mobilizados para garantir a segurança das equipes do Corpo de Bombeiros.
Protestos por moradia também ocorrem na zona leste da capital
Outro ponto de mobilização foi registrado na avenida Aricanduva, na zona leste de São Paulo, nas proximidades da avenida dos Latinos. Moradores das ocupações Jorge Hereda, localizada na Cidade Líder (com cerca de 800 famílias), e Terra Prometida, no Jardim Imperador (cerca de 300 famílias), protestaram contra ordens de despejo.
Durante a manifestação, faixas com os dizeres “moradia digna para todos” foram exibidas pelos participantes. Novamente, a PM interveio com bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos um manifestante foi detido, segundo imagens divulgadas pela TV Record.
Trânsito e transporte público registram colapso
Os reflexos dos protestos também atingiram o sistema de ônibus da cidade. Na zona leste, 16 linhas foram impactadas pelos bloqueios, segundo a SPTrans. A operação só foi totalmente normalizada por volta das 8h.
Às 8h47, a CET registrava 400 km de lentidão em toda a capital. A zona oeste concentrava 125 km de congestionamentos, enquanto a zona leste contabilizava 69 km.
Os protestos em São Paulo escancararam a urgência de políticas públicas para enfrentar o déficit habitacional e a precariedade da infraestrutura urbana, além de revelarem o impacto direto de ações sociais e de moradia na mobilidade da maior cidade do país.