A produção industrial dos Estados Unidos praticamente não se mexeu em abril, mostrando um cenário de estabilidade diante de oscilações nos diferentes setores da economia. Os dados divulgados pelo Federal Reserve mostram que o índice geral recuou 0,4% no mês, devolvendo exatamente o que havia avançado em março.

Ainda assim, o resultado não foi pior graças a um forte desempenho das concessionárias de serviços públicos, que cresceram 3,3% puxadas pela alta na geração de eletricidade e na distribuição de gás.

Enquanto o setor de energia surpreendeu positivamente, a indústria de transformação registrou queda, com destaque negativo para a produção de veículos automotores e autopeças, que caiu 1,9%. Esse desempenho teve peso significativo no recuo de 1,3% dos bens duráveis, que viram retrações em praticamente todas as categorias. Se forem excluídos os veículos da conta, o recuo da produção total no mês teria sido de 0,3%.

No outro extremo, os bens não duráveis apresentaram um crescimento modesto de 0,1%, resultado impulsionado principalmente pelos produtos energéticos, que avançaram 3,2%. Outras categorias, no entanto, tiveram resultados mais fracos. O setor classificado como “outras indústrias”, que inclui atividades como exploração madeireira e serviços de edição, teve queda expressiva de 2%.

A taxa de utilização da capacidade instalada na indústria também caiu em abril, passando para 77,7%. Esse número ainda está 1,9 ponto percentual abaixo da média registrada entre os anos de 1972 e 2024. No setor de mineração, o desempenho também foi negativo, com recuo de 0,3% no mês e redução na taxa de operação para 90,2%.

Setores mostram desempenho desigual com destaque para energia

A análise por grupos de mercado revelou um desempenho desigual. Os materiais energéticos tiveram alta de 0,8%, enquanto os não energéticos recuaram 0,1%. Já os setores voltados para equipamentos comerciais, de defesa e aeroespaciais apresentaram pequenos avanços. Por outro lado, os segmentos de materiais de construção e materiais comerciais tiveram retrações de 1% e 0,3%, respectivamente.

Para os próximos meses, o Federal Reserve já anunciou que pretende revisar os dados de produção industrial e utilização da capacidade. Essa atualização será feita no quarto trimestre de 2025 e terá como base o Censo Econômico de 2022 e as contas de insumo-produto de 2017. A expectativa é de que os dados históricos sejam ajustados, o que pode trazer mudanças significativas nas séries desde 1972.

No fim das contas, o que se viu em abril foi um equilíbrio instável. Enquanto o setor de energia segurou o desempenho geral, a indústria e a mineração mostraram sinais de enfraquecimento. O cenário reforça os desafios da economia americana em manter um ritmo de crescimento mais robusto diante das incertezas do ambiente global e doméstico.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.