As ações da Hapvida (HAPV3) registraram uma disparada de 11,30% nesta terça-feira (13), logo após a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 (1T25). A operadora de saúde surpreendeu o mercado com números robustos, impulsionados principalmente pela melhora na dinâmica de sinistralidade e no controle das ações judiciais, fatores que vinham impactando negativamente os resultados da empresa.

Acompanhada de perto por investidores e analistas, a empresa se destacou não apenas pela forte recuperação no preço das ações, mas também pelos sinais de que está conseguindo reverter a pressão dos custos assistenciais e as dificuldades relacionadas aos litígios judiciais.

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Melhorias financeiras e controle das ações judiciais

A melhoria nos números da Hapvida no 1T25 foi atribuída, em grande parte, à redução das provisões para contingências e à desaceleração nos novos depósitos judiciais. A empresa registrou uma queda significativa nos novos depósitos judiciais cíveis líquidos, o que foi visto como um alívio para investidores que temiam um impacto ainda maior da judicialização nos próximos trimestres.

De acordo com a XP Investimentos, a dinâmica de sinistralidade apresentou sinais de melhora, o que ajudou a companhia a controlar os custos assistenciais, tradicionalmente elevados no setor de saúde. Esse movimento, junto com as provisões mais baixas, fortaleceu a geração de caixa e impulsionou a percepção positiva do mercado sobre os resultados. A XP destacou que a estratégia de recomposição de preços também foi um fator determinante para o crescimento da receita da Hapvida, mesmo em um cenário desafiador.

Geração de caixa robusta e alavancagem sob controle

Outro ponto crucial nos resultados da Hapvida foi a sólida geração de caixa, com R$ 570 milhões após capex no trimestre. Esse resultado possibilitou a redução da dívida líquida da companhia em R$ 370 milhões, que fechou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 4,16 bilhões. A alavancagem da empresa se manteve abaixo de 1,0x, o que reflete a solidez financeira da Hapvida para continuar com seus planos de crescimento no longo prazo.

Além disso, o EBITDA ajustado da empresa alcançou R$ 1,004 bilhão, 15% acima das estimativas do BTG Pactual, com uma margem EBITDA de 13,4%. Embora a companhia tenha registrado um lucro líquido ajustado de R$ 416 milhões, superior às expectativas do mercado, a sinistralidade caixa (MLR) apresentou uma redução de 30 pontos-base, melhorando para 67,6% no trimestre.

Esses resultados destacam a habilidade da Hapvida em gerir seus custos operacionais, controlar a judicialização e, ao mesmo tempo, gerar caixa suficiente para sustentar suas operações e investimentos futuros. A gestão da companhia se mostrou eficiente ao concluir a maior integração sistêmica de sua história, o que pode ajudar a capturar sinergias operacionais em um cenário desafiador.

Cenário desafiador e impacto da judicialização

Apesar dos resultados sólidos, os analistas reconhecem que o ambiente ainda é desafiador. O Bradesco BBI, por exemplo, destacou que a Hapvida enfrenta pressões contínuas com custos assistenciais elevados e um ticket médio em queda no segmento corporativo. A perda líquida de 70 mil vidas também impactou o crescimento da base de beneficiários da empresa, limitando o avanço da receita a apenas 0,4% em relação ao trimestre anterior.

Além disso, o impacto das ações judiciais continua sendo uma preocupação para a companhia, embora a desaceleração nos depósitos e a queda nas provisões sejam sinais positivos. A Genial Investimentos, por exemplo, viu um resultado dentro do esperado em termos de receita, mas com margens ainda pressionadas pela judicialização e pelo aumento dos custos assistenciais.

Perspectivas futuras e recomendações dos analistas

Para os próximos trimestres, os analistas permanecem atentos ao comportamento da sinistralidade e à continuidade da desaceleração nas ações judiciais. O Bradesco BBI e o Morgan Stanley reforçam que os investidores devem monitorar de perto a sinistralidade no 2T25, uma vez que o primeiro trimestre teve uma menor utilização atípica de serviços de saúde, o que pode ter influenciado positivamente os resultados.

A maioria dos analistas, no entanto, manteve suas recomendações de compra para as ações da Hapvida, com destaque para a forte geração de caixa e a melhoria nas provisões judiciais. O preço-alvo das ações foi ajustado pelos principais bancos de investimento:

  • BTG Pactual e Morgan Stanley mantiveram o preço-alvo em R$ 4, destacando a solidez operacional da companhia.
  • Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra com preço-alvo de R$ 3,30.
  • Itaú BBA foi mais otimista, com preço-alvo de R$ 4,20.

Essas avaliações refletem o valor atrativo das ações da Hapvida, que estão sendo negociadas a múltiplos mais baixos em comparação com seus pares no setor de saúde.