Câmara de SP aprova reajuste salarial dos servidores municipais em sessão conturbada
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em segunda votação, um reajuste salarial de 5,15% para os servidores municipais, com aumento de 2,60% este ano e 2,55% no ano que vem.

Na noite da última terça-feira (29), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em segunda votação, a proposta de reajuste salarial para os servidores municipais. O reajuste, que ocorrerá em duas etapas, foi aprovado com 34 votos favoráveis e 17 contrários, em uma sessão marcada por tensões e protestos. Os servidores, que estão em greve, reivindicavam um aumento superior ao aprovado.
Reajuste de 5,15% em duas etapas
A proposta de reajuste salarial, que afeta professores e outros servidores municipais, prevê aumentos de 2,60% em maio deste ano e 2,55% em maio de 2026. No total, o reajuste soma 5,15%. O percentual aprovado está abaixo da expectativa da categoria, que solicitava um aumento superior à inflação, que, no período de março de 2024 a março de 2025, foi de 5,65%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A aprovação do reajuste ocorre em meio à greve de servidores, que, nesta manhã, protestaram em frente à Câmara Municipal. A sessão, que começou com discussões sobre o valor do aumento, foi marcada por momentos de grande tensão, com provocações e confrontos verbais entre parlamentares e manifestantes.
Protestos e confrontos na Câmara Municipal
Durante a sessão, os servidores municipais, em greve desde o início do mês, mostraram seu descontentamento com a proposta aprovada. Além de protestos em frente à Câmara, houve manifestações nas galerias. A vereadora Cris Monteiro (PSDB) fez declarações polêmicas que geraram um tumulto. Ao iniciar sua fala, Cris provocou os manifestantes, dizendo: “Quando vem uma mulher branca, bonita e rica falar aqui, vocês vaiam”. A fala gerou gritos de “racista” por parte dos servidores presentes nas galerias.
A situação se agravou a ponto de a sessão ser interrompida por mais de 20 minutos. A vereadora, após o tumulto, pediu desculpas, afirmando que não teve a intenção de ofender ninguém. No entanto, o incidente gerou reações de outros vereadores, como Luana Alves (PSOL), que anunciou que o caso será levado à Corregedoria da Câmara Municipal.
Embate entre vereadores durante a sessão
Além dos protestos dos servidores, a sessão também foi marcada por um confronto entre os vereadores Rubinho Nunes (União) e Toninho Vespoli (PSOL). Durante a votação, Toninho levantou um cartaz de apoio aos manifestantes, o que gerou um conflito com Rubinho, que tentou retirar o cartaz de suas mãos. O episódio gerou declarações contundentes de ambos os lados, com acusação de agressão verbal e de uso de estratégias desrespeitosas para intimidar o debate político.
Toninho, em sua fala, afirmou que o incidente refletia uma tentativa de deslegitimar o debate sobre os servidores públicos e a educação. Já Rubinho defendeu sua postura, argumentando que o uso de faixas para atacar outros vereadores era uma demonstração do desespero da oposição. O episódio sublinhou o clima de polarização nas discussões sobre educação e servidores públicos.
Reivindicações dos Servidores Municipais: Aumento Acima da Inflação
Os servidores municipais, especialmente os professores, reivindicam um reajuste salarial superior à inflação, considerando a atual situação econômica e o aumento no custo de vida. A proposta aprovada pela Câmara Municipal, de 5,15%, está abaixo da exigência dos servidores, que solicitaram um aumento de 44%. Além disso, os sindicatos dos trabalhadores querem a incorporação dos abonos salariais concedidos entre 2021 e 2024 e a redução da alíquota previdenciária de 14% para 11%, algo que ainda não foi atendido pelo projeto aprovado.
O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindesp) e a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc) haviam apresentado uma contraproposta que foi rejeitada pela Prefeitura, que manteve o projeto original. A aprovação do reajuste, apesar das tensões, agora coloca os sindicatos em uma posição de avaliação para definir os próximos passos da greve.
O contexto da proposta de reajuste e seus impactos
O projeto de lei que prevê o reajuste salarial foi aprovado em primeira votação com um placar de 31 votos a favor e 15 contrários. A proposta de reajuste está sendo implementada em duas etapas: 2,60% em maio deste ano e 2,55% em maio de 2026. Além disso, o reajuste inclui um aumento específico de 6,27% para o piso salarial dos professores da categoria 1, que são os profissionais de ensino médio.
Embora o projeto tenha sido aprovado pela maioria dos vereadores, a insatisfação entre os servidores públicos e os sindicatos continua. A greve, que já dura duas semanas, e os protestos, incluindo manifestações em frente à Câmara, mostram o nível de descontentamento com o valor do reajuste proposto, o qual é visto como insuficiente para atender às necessidades de todos os servidores, especialmente em tempos de alta inflação.