Vendas da Tesla nos EUA caem 9% no 1º trimestre, apesar de alta no setor de elétricos
As vendas da Tesla nos EUA recuaram 9% no primeiro trimestre de 2025, contrariando a tendência de crescimento do mercado de veículos elétricos, que subiu 11% no mesmo período.

As vendas da Tesla (TSLA34) nos EUA registraram uma queda significativa de 9% no primeiro trimestre de 2025, mesmo com o avanço contínuo do mercado de veículos elétricos (EVs) no país. A informação foi divulgada pela empresa de pesquisa Cox Automotive, que apontou um cenário de desaceleração para a montadora de Elon Musk em meio à crescente concorrência e mudanças de comportamento dos consumidores.
A Tesla continua sendo a líder isolada em volume de carros elétricos vendidos nos Estados Unidos, mas perdeu participação de mercado: caiu de 51% para 44% em apenas um ano. O recuo ocorre num momento em que o segmento de EVs experimenta crescimento sólido, superando o desempenho do setor automotivo como um todo.
Mercado elétrico avança, mas desempenho da Tesla decepciona
De janeiro a março de 2025, as vendas de veículos elétricos nos EUA cresceram 11%, alcançando cerca de 300 mil unidades entre carros de passeio e caminhonetes leves. Isso representa aproximadamente 8% do total de veículos novos vendidos no país — um leve avanço frente ao mesmo período de 2024.
Apesar desse crescimento, a Tesla apresentou desempenho abaixo das expectativas. O recuo de quase 9% nas vendas da Tesla nos EUA contrasta com a expansão do setor e acende um alerta para a montadora, que também registrou uma queda global de 13% nas entregas no trimestre, totalizando 337 mil unidades. Os dados refletem uma desaceleração mais ampla enfrentada pela empresa.
Por que as vendas da Tesla caíram: fatores que explicam a retração
Especialistas atribuem a queda nas vendas a uma combinação de fatores:
- Portfólio de modelos envelhecido: A linha atual da Tesla não apresenta grandes inovações em comparação aos concorrentes.
- Desempenho abaixo do esperado do Cybertruck: O aguardado modelo teve apenas 6.400 unidades vendidas no trimestre, número considerado frustrante diante das projeções anteriores.
- Concorrência mais acirrada: Montadoras tradicionais como General Motors e Ford têm lançado novos modelos elétricos com bom custo-benefício e tecnologia atualizada.
- Impacto político: O apoio público de Elon Musk ao ex-presidente Donald Trump tem provocado protestos em concessionárias e afastado parte do público-alvo — especialmente democratas e independentes, grupos com maior adesão aos EVs.
Cybertruck não empolga e GM avança no mercado de elétricos
A grande aposta da Tesla, o Cybertruck, ainda não conseguiu convencer o mercado. Embora o volume de vendas tenha mais que dobrado em relação ao mesmo trimestre do ano passado, quando a produção estava em fase inicial, os 6.400 veículos entregues representam uma queda de 50% em comparação aos três últimos meses de 2024.
Enquanto isso, a General Motors (GM) avança. A empresa norte-americana vendeu 10.300 unidades do Chevrolet Equinox EV no trimestre, um modelo que sequer estava disponível um ano atrás. As marcas da GM — que incluem Cadillac, Chevrolet e GMC — responderam por 11% das vendas de elétricos no período, contra 6% no mesmo intervalo de 2024.
Impacto das tensões comerciais e tarifas sobre o setor
Apesar de fabricar todos os carros vendidos nos EUA em território nacional, a Tesla não ficou imune à guerra comercial entre Estados Unidos e China. Em resposta às tarifas impostas pelo governo Trump, o governo chinês elevou taxas sobre veículos importados. Como resultado, a Tesla suspendeu pedidos dos modelos Model S e Model X na China — ambos produzidos exclusivamente na Califórnia.
Outras montadoras podem ser ainda mais afetadas. O Ford Mustang Mach-E, segundo modelo elétrico mais vendido no país, é fabricado no México e agora está sujeito a uma tarifa de 25% imposta por Donald Trump. A medida pode forçar um aumento no preço final do veículo, prejudicando sua competitividade no mercado norte-americano.
Perspectivas para a Tesla no mercado americano
Mesmo com a queda, a Tesla ainda domina o segmento de elétricos nos EUA. Porém, a perda de participação de mercado, aliada à estagnação em inovação de produto e ao desgaste da imagem pública de seu CEO, levanta dúvidas sobre a capacidade da empresa de manter sua liderança em um cenário cada vez mais competitivo.
Com novas marcas entrando no mercado, incentivos governamentais sendo reavaliados e o comportamento do consumidor mudando, a Tesla precisará rever sua estratégia para os próximos trimestres. O foco em inovação, reposicionamento de imagem e expansão de sua linha de modelos acessíveis pode ser essencial para retomar o ritmo de crescimento.