Taxas dos DIs desaceleram com trégua nas tarifas, mas encerram sessão em alta
As taxas dos DIs encerraram o dia em alta, mesmo após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias na aplicação de novas tarifas.
Taxas dos DIs desaceleram com trégua nas tarifas, mas encerram sessão em alta
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) encerraram a quarta-feira (data fictícia para a matéria) em alta, mesmo após uma pausa de 90 dias anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre novas tarifas comerciais. O movimento reflete o clima de incerteza nos mercados diante da escalada da guerra comercial entre EUA e China, que segue gerando volatilidade nos ativos de risco.
Alívio temporário nas tarifas impulsiona trégua no mercado
O alívio veio no início da tarde, quando Trump anunciou que suspenderia por 90 dias a aplicação de tarifas adicionais sobre produtos de uma série de países. A medida visa abrir espaço para negociações comerciais durante esse período. Ao mesmo tempo, no entanto, o presidente endureceu sua postura frente à China, elevando as tarifas específicas contra o país asiático para 125% e mantendo uma taxa geral de 10% sobre quase todas as importações americanas.
Esse anúncio teve efeito imediato nos mercados internacionais. Houve uma disparada nas bolsas ao redor do mundo, forte desvalorização do dólar frente a moedas de exportadores de commodities — como o real — e uma desaceleração nos rendimentos dos Treasuries, referência global para decisões de investimento.
Taxas dos DIs reagem à trégua, mas encerram em alta
Apesar do alívio momentâneo, as taxas dos DIs não conseguiram encerrar o dia em queda. Os investidores continuaram apreensivos com a possibilidade de retaliações da China, o que manteve o prêmio de risco elevado na curva de juros.
Os principais contratos futuros de DI apresentaram os seguintes resultados ao fim da sessão:
- DI para janeiro de 2026: fechou em 14,83%, acima dos 14,757% da sessão anterior.
- DI para janeiro de 2027: encerrou em 14,505%, com alta de 18 pontos-base. Chegou a bater 14,65% na máxima do dia.
- DI para janeiro de 2031: avançou para 14,64%, ante 14,56% anteriormente.
- DI para janeiro de 2033: registrou 14,74%, contra 14,674% no ajuste anterior.
Esses dados mostram que, apesar da trégua anunciada, a tensão comercial global seguiu influenciando negativamente a percepção de risco dos investidores.
Incertezas comerciais elevam volatilidade nos mercados
Pela manhã, as taxas dos DIs chegaram a disparar mais de 30 pontos-base, acompanhando o avanço dos yields dos Treasuries e a valorização do dólar ante o real. O estopim foi a retaliação anunciada pela China, que aumentou para 84% as tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, em resposta à decisão americana de impor tarifas de até 104% sobre itens chineses.
Esse movimento causou estresse imediato nos mercados de juros futuros no Brasil. A curva de juros teve forte inclinação, com os investidores buscando proteção contra o aumento do risco global. Contudo, após o anúncio de Trump no início da tarde, houve uma reversão parcial do movimento. A taxa do DI para janeiro de 2027, por exemplo, caiu de 14,65% para 14,36% em questão de minutos, antes de voltar a subir no fechamento.
Segundo operadores do mercado, houve forte venda de taxa após o anúncio de Trump, mas não o suficiente para eliminar completamente os ganhos acumulados ao longo do dia. Um dos riscos latentes é a possibilidade de uma nova escalada nas tensões entre China e EUA, o que manteria os ativos de risco sob pressão.
Analistas destacam cenário incerto e de alta volatilidade
Para Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, os juros futuros refletem o elevado grau de incerteza atual. “O cenário não é claro — muito pelo contrário, é nebuloso — e hoje vimos muita volatilidade em todos os vencimentos futuros”, afirmou.
O mercado permanece atento aos desdobramentos da política comercial norte-americana, enquanto monitora possíveis reações da China, que pode anunciar novas medidas retaliatórias. Esse cenário de risco é um dos principais fatores que sustentam o movimento de alta nas taxas dos DIs, mesmo com alívios pontuais.
Impacto no cenário doméstico e projeções para a Selic
A turbulência no cenário internacional acabou ofuscando o noticiário econômico doméstico, incluindo as expectativas em relação à próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
Segundo dados mais recentes do mercado de opções da B3, a precificação indicava:
- 60,50% de chance de elevação da Selic em 50 pontos-base;
- 14,00% de chance de alta de 25 pontos-base;
- 10,00% de chance de um aumento de 75 pontos-base.
A taxa básica de juros brasileira está atualmente em 14,25% ao ano, e novas decisões dependerão, em grande parte, do comportamento dos mercados globais, além dos indicadores domésticos de inflação e atividade econômica.