A China prometeu na última terça-feira (8) “lutar até o fim” caso os Estados Unidos avancem com a imposição de tarifas de importação extras sobre produtos chineses. A reação veio após declarações do presidente Donald Trump, que ameaça elevar as tarifas para 50% a partir de 9 de abril de 2025, caso a China não recue em suas próprias sanções comerciais.

O alerta foi emitido pelo Ministério do Comércio da China, que classificou a medida norte-americana como “intimidação unilateral” e sem fundamento legal. A retórica mais agressiva reacende temores de uma nova escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Tensão comercial: o que está em jogo?

As declarações de Trump foram publicadas na segunda-feira (7) na rede social Truth Social. Nelas, o presidente afirmou que, se a China não retirar um aumento de 34% em represália às medidas dos EUA até esta terça-feira (8), haverá tarifas de importação adicionais de 50% aplicadas a partir do dia seguinte.

Além disso, Trump deixou claro que qualquer negociação entre os dois países seria suspensa caso a China não cedesse. “Todas as conversas com a China sobre reuniões solicitadas conosco serão encerradas”, escreveu.

A resposta de Pequim foi imediata. Segundo o governo chinês, as medidas de retaliação já adotadas são legítimas e visam proteger a soberania, a segurança nacional e os interesses de desenvolvimento do país.

China considera medidas dos EUA como chantagem

Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores da China reforçou que as tarifas de importação impostas anteriormente pelos Estados Unidos são uma violação das regras do comércio internacional. O ministro Wang Yi afirmou que “a chantagem não será aceita” e que o país está preparado para responder com firmeza a qualquer nova sanção.

“A ameaça dos EUA de aumentar as tarifas sobre a China é um erro em cima de outro erro. Expõe a natureza coercitiva e chantagista da política comercial norte-americana. Se os EUA insistirem, a China lutará até o fim”, declarou Wang.

Mercados reagem com volatilidade

Apesar da escalada retórica, os mercados financeiros mostraram sinais de recuperação nesta terça-feira. Após uma segunda-feira marcada por fortes quedas, principalmente na Ásia, os investidores se mostraram mais cautelosos, mas esperançosos com a possibilidade de diálogo.

O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, encerrou o dia em alta de mais de 6%, recuperando parte das perdas de quase 8% no pregão anterior. Na Europa, os principais índices também abriram em terreno positivo. A leve melhora nos mercados reflete a expectativa de que ainda haja espaço para negociações e que a imposição de novas tarifas de importação possa ser evitada.

Impactos da guerra comercial para o Brasil e o mundo

A intensificação do confronto entre China e Estados Unidos afeta diretamente a economia global. Para o Brasil, a disputa representa tanto riscos quanto oportunidades. Por um lado, a desaceleração do comércio mundial pode prejudicar exportações brasileiras. Por outro, a necessidade de diversificação de fornecedores por parte dos dois países pode abrir espaço para o aumento das exportações nacionais.

Setores como o agronegócio e a indústria de base ficam especialmente atentos a possíveis mudanças nos fluxos comerciais. Além disso, tensões prolongadas podem pressionar preços de commodities e afetar a taxa de câmbio, com impactos diretos sobre inflação e crescimento.