O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está prestes a assinar um decreto para reerguer a construção naval do país, com um objetivo claro: reduzir o domínio crescente da China sobre o setor de transporte marítimo global, que movimenta US$ 150 bilhões anualmente. Com uma série de medidas planejadas para fortalecer a indústria naval americana, o decreto visa não apenas criar uma base industrial mais robusta, mas também enfraquecer a crescente presença chinesa nas águas internacionais, especialmente no contexto do aumento do poderio naval da China.

O decreto de Trump e o futuro da indústria naval dos EUA

O rascunho do decreto, que foi acessado pela Reuters nesta quarta-feira, detalha um plano com 18 pontos, com foco em reverter a dependência dos Estados Unidos das importações de navios chineses e fortalecer sua indústria marítima doméstica. Entre as principais medidas está a criação de taxas sobre a importação de navios fabricados na China. Além disso, um Fundo de Segurança Marítima pode ser criado para financiar o setor, acompanhando incentivos fiscais, subsídios e empréstimos que estimulariam novos investimentos na construção naval.

O impacto desse decreto seria significativo para o setor de transporte marítimo global. A China, que domina cada vez mais o comércio global por meio de sua frota de navios, tem se consolidado como um poderio econômico e militar. Ao ressuscitar a indústria naval doméstica, Trump visa não só reduzir a dependência dos Estados Unidos de navios estrangeiros, mas também aumentar a competitividade do país no mercado global de transporte marítimo.

Trump também planeja fortalecer a base industrial marítima com uma nova estratégia liderada pelo Conselho de Segurança Nacional, que coordenará um esforço de todo o governo para revitalizar o setor naval americano. Essa ação é vista como uma tentativa de restaurar a capacidade de produção de navios nos EUA, um passo importante para garantir a segurança marítima do país.

A crise da construção naval americana e o crescimento do poder naval chinês

A crise na construção naval americana é um reflexo de décadas de desindustrialização e falta de investimentos no setor. Nos últimos anos, a indústria naval dos EUA tem enfrentado uma redução no número de estaleiros e um enfraquecimento da capacidade de construção de embarcações, o que coloca o país em uma posição vulnerável diante da ascensão do poder naval chinês. O domínio crescente da China sobre as rotas comerciais e sua influência crescente nos mares têm sido motivo de preocupação para parlamentares de ambos os partidos nos Estados Unidos.

O decreto de Trump não é uma surpresa, dado que, recentemente, o governo Biden concluiu uma investigação solicitada pelo United Steelworkers, que constatou práticas comerciais desleais por parte da China, incluindo subsídios excessivos e políticas de controle que fortalecem sua posição no mercado de construção naval. Essa investigação pode ter sido um dos principais catalisadores para o movimento de Trump em prol de uma maior segurança marítima para os Estados Unidos.

Uma resposta bipartidária ao crescente domínio chinês

Nos últimos anos, parlamentares tanto republicanos quanto democratas têm expressado preocupação com o domínio cada vez maior da China nos mares. O setor de transporte marítimo é crucial para a economia global, e o controle chinês sobre ele representa uma ameaça à segurança econômica e geopolítica dos Estados Unidos.

A adoção do plano de Trump, com sua série de medidas e incentivos, parece ter sido fortemente influenciada por legislações bipartidárias que buscavam uma resposta mais robusta ao domínio da China. Isso é uma indicação de que o movimento para reverter a tendência de declínio da indústria naval americana possui apoio político amplo, o que aumenta as chances de sucesso da iniciativa.

O papel do governo Biden e a investigação do setor marítimo

A proposta de Trump surge dois meses após o governo Biden finalizar uma investigação sobre as práticas comerciais da China no setor de transporte marítimo. O estudo, conduzido por quase um ano, constatou que a China utilizava políticas comerciais injustas para dominar o mercado, prejudicando os interesses dos Estados Unidos e de outros países. O United Steelworkers, juntamente com outros sindicatos, liderou a investigação, buscando soluções para reviver o setor naval americano.

Michael Wessel, presidente do Grupo Wessel, que ajudou a coordenar a investigação sob a Seção 301 da Lei Comercial de 1974, comemorou o anúncio de Trump, destacando que esse movimento poderia ser a chave para reverter a situação e devolver aos Estados Unidos seu status de líder na indústria naval global.