O Tesouro Direto, plataforma que facilita o acesso a títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, alcançou a marca de três milhões de investidores em 2024, com um aumento expressivo de 22% em relação ao ano anterior. Esse crescimento reflete uma tendência de maior acesso e democratização dos investimentos em renda fixa no Brasil, o que tem atraído não só investidores experientes, mas também novos aplicadores em busca de segurança e rentabilidade. Este marco foi oficialmente divulgado pela B3, a bolsa de valores brasileira, e está alinhado com o desempenho positivo dos mercados financeiros, especialmente na renda fixa e variável.

Crescimento do Tesouro Direto

Em 2024, o valor total em custódia no Tesouro Direto atingiu R$ 142,7 bilhões, representando um avanço de 13% em relação aos R$ 126,8 bilhões registrados em dezembro de 2023. Esse aumento no volume de custódia é um reflexo direto do crescente interesse por títulos públicos, especialmente aqueles com maior liquidez, como o Tesouro Selic, que representa 40% dos investimentos no programa. Essa busca por ativos pós-fixados evidencia a procura por opções seguras, que se ajustam à taxa básica de juros do país, o que é fundamental para muitos investidores em tempos de instabilidade econômica.

O número de investidores no Tesouro Direto é um indicativo claro de que mais brasileiros estão se sentindo confortáveis e confiantes em aplicar recursos nesse tipo de investimento. O saldo mediano de aportes, no entanto, apresentou uma queda significativa de 31%, saindo de R$ 2,5 mil para R$ 1,7 mil. Esse movimento reflete uma democratização dos investimentos, já que mais pessoas estão entrando com menores valores, facilitando o acesso ao programa e ampliando a base de investidores.

O que isso significa para os investidores?

Embora o crescimento no volume de custódia seja impressionante, a queda no saldo mediano de investimentos traz uma reflexão importante sobre o perfil do investidor no Tesouro Direto. Com mais investidores de pequenos valores, o programa se tornou acessível a um número maior de brasileiros, permitindo que pessoas de diferentes faixas etárias e classes sociais diversifiquem suas economias de forma segura e com rentabilidade previsível.

Outro destaque do ano foi o Tesouro Renda+, que tem atraído um público jovem. Lançado há pouco mais de dois anos, o produto teve um crescimento de 20% na adesão de jovens entre 18 e 24 anos, totalizando 54,6 mil investidores nessa faixa etária. Esse aumento demonstra o interesse crescente por planejamentos de longo prazo, como a aposentadoria, e oferece uma oportunidade para quem deseja garantir uma rentabilidade extra ao longo das décadas. Ainda assim, a faixa etária de 25 a 39 anos continua sendo a maior detentora de títulos Renda+, com 47% dos investidores.

Impacto do crescimento na eEconomia e nas finanças pessoais

Além do Tesouro Direto, outras modalidades de investimento em renda fixa também mostraram crescimento em 2024. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Depósitos Bancários (CDB), por exemplo, apresentaram aumento de 31% e 23%, respectivamente. A crescente diversificação dos investimentos de renda fixa reflete uma maior busca por alternativas ao Tesouro Direto, em especial entre aqueles que procuram rendimento superior à poupança, sem abrir mão da segurança.

Em contrapartida, a poupança também registrou aumento de 11% nas contas abertas, alcançando 649,3 milhões de contas no final de 2024. Os depósitos na poupança subiram 12%, alcançando R$ 5,042 bilhões, o que sugere que o investidor brasileiro, apesar de buscar alternativas, continua a confiar nesse instrumento tradicional de guarda de recursos.

Crescimento na renda variável

O crescimento não se limitou à renda fixa. O número de investidores em renda variável também cresceu, atingindo 5,3 milhões de investidores no final de 2024, com um aumento de 6% em relação ao ano anterior. O volume de operações em ações também subiu, com 1,7 milhão de investidores realizando ao menos uma operação com ações no mês de dezembro de 2024. Este aumento reflete uma maior disposição do brasileiro para entrar no mercado de ações, um sinal de que a educação financeira tem avançado e o público está mais preparado para investir nesse tipo de ativo.

A região Norte do Brasil foi a que mais se destacou em termos de crescimento na renda variável, com um aumento de 9,6% no número de investidores em ações em comparação com 2023. O Nordeste também apresentou um aumento expressivo de 9,1%, demonstrando que o interesse pelo mercado de ações está se expandindo para todas as regiões do país, especialmente entre os novos investidores.