Taxas de juros futuros caem fortemente com Dados do IBC-Br
A divulgação dos dados do IBC-Br indicou uma desaceleração econômica maior do que o esperado, o que provocou quedas nas taxas de juros futuras no Brasil.

As taxas de juros futuras no Brasil registraram quedas acentuadas após a divulgação dos dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que mostraram uma desaceleração da economia brasileira no mês de dezembro. O feriado do Dia dos Presidentes nos Estados Unidos, que manteve o mercado de Treasuries fechado, também contribuiu para a redução da liquidez nos mercados de renda fixa, amplificando o movimento.
O que mostram os dados do IBC-Br?
Na tarde de segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025, os dados do IBC-Br indicaram uma queda de 0,7% na atividade econômica brasileira em dezembro, quando comparado com novembro, num dado dessazonalizado. Esse resultado foi mais forte do que o esperado pelo mercado, que projetava um recuo de 0,4%. O número marca o pior resultado desde maio de 2023 e aponta para uma possível estagnação na economia no quarto trimestre do ano passado.
Além disso, na comparação com o mesmo período de 2024, o IBC-Br registrou um crescimento de 2,4%. No entanto, especialistas apontam que esse aumento anual não é suficiente para compensar a desaceleração recente. Esse desempenho reforça as expectativas de que o Brasil enfrenta desafios econômicos, especialmente no curto prazo.
Queda nas taxas de juros futuros
As taxas de juros para os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) reagiram rapidamente aos dados negativos sobre a economia brasileira. A taxa do DI para janeiro de 2026, um dos mais líquidos no curto prazo, caiu para 14,67%, frente ao ajuste de 14,794% da sessão anterior. Já as taxas para os contratos mais longos também registraram quedas expressivas. A taxa para janeiro de 2031 caiu para 14,29%, uma redução de 26 pontos-base.
Perspectivas para a economia brasileira
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, comentou sobre o impacto da desaceleração da economia nas expectativas do mercado: “A economia brasileira está desacelerando, não há dúvida disso. A questão agora é o tamanho dessa desaceleração e se ela é permanente ou apenas um efeito passageiro”, afirmou. Para ele, as quedas nas taxas de juros refletem a expectativa de que, com a economia crescendo menos, haverá uma redução nas pressões inflacionárias.
A leitura do mercado, como mostrado nas quedas das taxas de juros, sugere que as expectativas de crescimento diminuíram. Contudo, a reação do Banco Central permanece cautelosa. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, já havia comentado que ainda é necessário mais tempo para avaliar se a desaceleração é uma tendência contínua ou uma flutuação temporária.
O papel do Banco Central e expectativas para a Selic
A preocupação do Banco Central com a desaceleração econômica não impede que a instituição mantenha a política de alta dos juros para controlar a inflação. Em uma entrevista recente, o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, destacou que o atual nível de incerteza exige um aperto monetário que vá além do normal. “Precisamos de um nível de segurança que ultrapasse o usual, dada a alta incerteza na economia”, afirmou David.
O mercado, por sua vez, está projetando uma alta de 100 pontos-base da taxa Selic em março de 2025. No entanto, a principal dúvida do mercado está centrada na reunião de maio, onde as apostas estão divididas entre um aumento de 50 pontos-base ou 75 pontos-base, sendo que a possibilidade de uma alta mais suave está crescendo à medida que a economia desacelera.
Expectativas de inflação e projeções do Relatório Focus
Embora o mercado tenha ajustado as taxas de juros futuras com base na desaceleração econômica, o relatório Focus do Banco Central, divulgado pela manhã, mostrou que as expectativas de inflação continuam a subir. A mediana das projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação, passou de 5,58% para 5,60% em 2025, um valor bem acima do centro da meta do BC, que é 3%.