IPCA desacelera e sobe 0,16% em janeiro: menor alta para o mês desde 1994
O IPCA de janeiro registrou uma alta de 0,16%, a menor para o mês desde 1994, acumulando uma inflação de 4,56% nos últimos 12 meses.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,16% em janeiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Este resultado representa a menor variação para o mês desde 1994, quando o Brasil implementou o Plano Real. Com esse desempenho, o índice acumula uma inflação de 4,56% nos últimos 12 meses, recuando em relação ao período anterior. Embora o número tenha ficado ligeiramente acima das expectativas do mercado, o dado aponta uma desaceleração na inflação, o que reflete mudanças importantes no comportamento de preços no país.
Expectativa do mercado e desempenho do IPCA
A expectativa dos analistas consultados pela Lseg era de que a alta fosse de 0,14% em janeiro, o que indicaria uma inflação de 4,57% nos últimos 12 meses. Portanto, o índice de 0,16% foi um pouco superior ao esperado, mas ainda dentro de uma margem razoável de variação. Esse desempenho evidencia a estabilidade no processo de desaceleração da inflação, que vem sendo observado desde os últimos meses de 2024.
O IPCA, que é o indicador oficial da inflação no Brasil, é calculado com base nos preços de uma cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias brasileiras. Ele abrange uma grande variedade de itens, desde alimentos e transportes até serviços como saúde e educação, refletindo o impacto real dos preços no dia a dia da população.
Impactos no índice
Em janeiro, o grupo de Habitação foi um dos principais responsáveis pela desaceleração da inflação, com um recuo significativo nos preços da energia elétrica residencial, que caiu 14,21%. Esse efeito teve um impacto negativo de -0,55 ponto percentual no IPCA. De acordo com o IBGE, essa queda foi impulsionada pela incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de janeiro, o que ajudou a reduzir os custos com eletricidade para as famílias.
Além disso, o grupo de Transportes apresentou uma alta de 1,30%, com destaque para as passagens aéreas (10,42%) e o transporte público urbano (3,84%), que juntos impactaram o IPCA com uma contribuição de 0,27 ponto percentual. A variação nos preços de transporte reflete o aumento da demanda por viagens aéreas e o reajuste de tarifas de ônibus, especialmente em algumas grandes cidades brasileiras.
Alimentação
Outro componente importante da inflação foi o grupo de Alimentação e Bebidas, que registrou sua quinta alta consecutiva, com uma variação de 0,96% em janeiro. Esse aumento foi principalmente devido ao encarecimento de itens como a cenoura (36,14%), o tomate (20,27%) e o café moído (8,56%), que contribuíram com 0,21 ponto percentual para o IPCA de janeiro. No entanto, também houve quedas em produtos como a batata-inglesa (-9,12%) e o leite longa vida (-1,53%), que ajudaram a moderar o aumento no grupo.
Em relação à alimentação fora do domicílio, a alta desacelerou para 0,67% em janeiro, após registrar 1,19% em dezembro. Essa desaceleração foi notada tanto em lanches, que aumentaram 0,94%, quanto nas refeições, que subiram 0,58%. Esses dados indicam uma certa contenção nos custos de alimentação fora de casa, possivelmente refletindo o ajuste nas despesas das famílias com a alta dos preços.
O que esperar para os próximos meses?
O resultado de janeiro do IPCA sugere que a inflação no Brasil está em um processo de desaceleração, especialmente em comparação com os meses anteriores. A queda nos preços da energia elétrica e a desaceleração na alimentação fora do domicílio foram fatores determinantes para essa tendência. Contudo, o aumento nos custos de transporte e o encarecimento de alimentos específicos indicam que a pressão inflacionária ainda persiste em certos setores.
A expectativa para os próximos meses é de que a inflação continue em um ritmo mais moderado, mas com variações que podem ser influenciadas por fatores como a dinâmica de preços internacionais, o câmbio e a política monetária do Banco Central. O desempenho do IPCA em fevereiro e nos meses subsequentes será crucial para entender se a desaceleração observada em janeiro continuará se concretizando ou se haverá novos aumentos em áreas específicas.