O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez duras críticas à política fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante um encontro com secretários municipais de saúde no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, na quinta-feira, 23 de janeiro. Segundo o governador, o Brasil enfrenta um “desafio fiscal gigantesco”, com gastos excessivos que impactarão negativamente a economia do país nos próximos meses.

Tarcísio de Freitas, conhecido por sua postura liberal, não poupou críticas ao governo federal e afirmou que o Brasil está “gastando o que não devia gastar”. Ele alertou que esse gasto excessivo trará graves consequências para a economia brasileira, com destaque para o aumento da inflação e possíveis alterações na política de juros.

“O desafio fiscal é gigantesco. Estou prevendo um ano difícil. O Brasil não está indo bem. Está gastando muito. Está gastando o que não devia gastar”, declarou o governador paulista. Tarcísio também mencionou que a desaceleração econômica será inevitável devido à maneira como o governo federal está gerenciando as finanças públicas, o que pode resultar em uma diminuição da arrecadação nos próximos meses. “Vai ter reflexo em termos de inflação. Vai ter reflexo em política de juros. E o que a gente vai ver? A economia vai desacelerar”, acrescentou.

Reflexos para os municípios e o Fundeb

O governador de São Paulo também destacou como essa crise fiscal afetará diretamente os municípios. Com a previsão de uma queda na arrecadação, a diminuição dos repasses para fundos como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) será sentida. Esses fundos são essenciais para a manutenção de serviços públicos e investimentos locais, o que pode resultar em dificuldades financeiras para os governos municipais.

“Vocês vão sentir isso no fundo de participação do município, no Fundeb, no ICMS”, alertou Tarcísio, enfatizando que os reflexos negativos dessa crise fiscal serão amplamente sentidos nas cidades e estados.

A resposta de Tarcísio e o programa de parcerias e investimentos de SP

Em resposta à crise fiscal prevista, Tarcísio tem adotado medidas para equilibrar as finanças de São Paulo. Uma das soluções propostas é o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), que inclui a privatização de estatais e a venda de ativos do governo estadual, gerando uma “poupança” que será utilizada para enfrentar as dificuldades econômicas no futuro.

Em 2025, o estado de São Paulo espera arrecadar cerca de R$ 50 bilhões com a realização de dez leilões de estatais, como parte de uma estratégia de privatização. “Por isso a gente fez privatização, por isso a gente cortou custeio, por isso a gente cortou 20% dos cargos, por isso a gente reviu benefícios tributários”, explicou Tarcísio, ressaltando que essas ações buscam reduzir os gastos públicos e aumentar a eficiência da administração estadual.

Além disso, Tarcísio reafirmou seu compromisso com uma agenda liberal para enfrentar os desafios fiscais e econômicos. Sua abordagem visa manter o equilíbrio das contas estaduais enquanto o país enfrenta uma crise fiscal federal.

Crítica às promessas eleitorais e o compromisso com a transparência

O governador também criticou o comportamento de políticos que, durante campanhas eleitorais, fazem promessas irrealizáveis sem o devido planejamento financeiro. Tarcísio afirmou que, ao contrário de outros candidatos, ele foi transparente sobre o que poderia ou não cumprir.

“Na campanha, o pessoal chegava para mim e falava candidato, você se compromete a fazer um hospital? E eu respondia: não, não vou fazer. O pessoal dizia: você foi sincero, vou votar em você mesmo não prometendo”, contou Tarcísio, demonstrando que preferiu ser honesto com os eleitores em vez de prometer o impossível.

Tarcísio e as perspectivas para as eleições de 2026

Tarcísio de Freitas, que vem sendo cogitado como um dos principais nomes da oposição ao PT nas eleições presidenciais de 2026, tem se posicionado como uma figura política com potencial para substituir Jair Bolsonaro. No entanto, o governador de São Paulo já afirmou em diversas ocasiões que não tem planos de concorrer à presidência em 2026. Em vez disso, Tarcísio confirmou que seu foco será a reeleição para o governo do estado de São Paulo.