O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou claro nesta sexta-feira (20) que o Banco Central (BC) não possui uma meta de câmbio, mas sim uma meta de inflação. Durante um café da manhã com jornalistas em Brasília, Haddad reforçou que a principal missão do BC é manter o controle da inflação e que a política monetária continuará com juros elevados até que os índices de preços se estabilizem.

Foco exclusivo na meta de inflação

A questão cambial, que tem gerado discussões recentes entre economistas e autoridades monetárias, não é uma prioridade do BC, segundo Haddad. Em suas declarações, o ministro ressaltou que o BC deve se concentrar exclusivamente no cumprimento da meta de inflação, sem desviar sua atenção para outros fatores. “O problema do Banco Central é a meta de inflação. Não tem outra coisa com que ele precisa se preocupar. Ele tem a meta contínua e deve estabelecer um calendário para atingir essa meta dentro de um tempo adequado para que a política monetária funcione”, afirmou Haddad.

A meta de inflação definida pelo BC é uma das principais ferramentas da política monetária, e o controle dos índices de preços é fundamental para a estabilidade econômica do país. O ministro destacou que, para alcançar essa meta, o Banco Central continuará mantendo a taxa de juros em níveis elevados, a fim de controlar a demanda e reduzir as pressões inflacionárias.

A gestão cambial: evitar disfuncionalidades

Embora o Banco Central não estabeleça uma meta formal para o câmbio, o ministro explicou que a instituição está atenta a possíveis “disfuncionalidades” no mercado cambial. Haddad se referiu a declarações recentes de diretores do BC, que reconhecem as distorções no câmbio e sugerem que o uso das reservas internacionais poderia ser uma alternativa para corrigir essas falhas.

Durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), diretores do BC falaram sobre o impacto das flutuações cambiais e como as disfuncionalidades podem afetar o desempenho da economia brasileira. Alguns dos diretores do BC sugeriram até a utilização das reservas internacionais como uma forma de estabilizar o câmbio e garantir um ambiente econômico mais equilibrado.

“Eu penso que o Banco Central, pelo que foi dito ontem pelos diretores, não fixa uma meta para o câmbio. Ele quer evitar as disfuncionalidades que eles reconheceram haver. Mais de um diretor se manifestou sobre isso, e um deles defendeu o uso de reservas para que essa acomodação acontecesse”, explicou Haddad.

A política monetária em foco: taxa de juros e o papel do BC

A manutenção de uma taxa de juros restritiva é uma medida essencial para o cumprimento da meta de inflação. O Banco Central já anunciou que, enquanto não houver uma redução substancial da inflação, os juros permanecerão elevados, o que pode impactar diretamente o crédito e o consumo, mas ajudará a controlar a pressão sobre os preços.

De acordo com Haddad, a prioridade do BC é garantir a estabilidade econômica e não se desviar de seu foco na meta de inflação. Isso inclui o controle da curva de preços e a gestão adequada dos instrumentos da política monetária. Mesmo com as questões cambiais em jogo, o BC deve manter sua independência e seu foco nas metas estabelecidas pela sua política.