Ibovespa cai e fecha abaixo dos 127 mil pontos, aguardando pacote fiscal do governo
O Ibovespa registrou uma queda de 0,99% nesta quinta-feira, fechando abaixo dos 127 mil pontos, com o mercado à espera do anúncio do pacote fiscal do governo federal.
Queda do Ibovespa reflete agravamento da tensão comercial entre EUA e China
O Ibovespa voltou de um feriado de maus ares nesta quinta-feira, 21 de novembro, encerrando o dia com uma queda de 0,99%, fechando aos 126.922,11 pontos. A perda de 1.275,14 pontos, que levou o índice a um nível inferior aos 127 mil pontos, foi impulsionada pela incerteza em torno do tão aguardado pacote de cortes de gastos do governo federal. Com esse cenário, o mercado segue tenso, à espera de definições que possam trazer maior previsibilidade econômica ao Brasil.
Cenário econômico e atraso no pacote de cortes de gastos
A pressão sobre o Ibovespa se manteve em níveis elevados nas últimas semanas, com o mercado demonstrando crescente impaciência em relação ao governo. A principal preocupação é a falta de clareza sobre o pacote fiscal, o qual deveria conter medidas de contenção de gastos e ajuste fiscal. Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, em evento realizado na capital paulista, a definição do pacote é urgente para garantir a estabilidade das expectativas econômicas no país.
Apesar das declarações de alguns ministros, como Renan Filho, do Ministério dos Transportes, que afirmou ser crucial lançar o pacote o quanto antes para ancorar as expectativas econômicas, o governo ainda não se comprometeu com uma data de anúncio. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a redação final do pacote deve ser concluída até o fim desta semana, mas o presidente Lula será o responsável por definir o momento exato de divulgação. Esse atraso tem afetado diretamente a confiança dos investidores, que seguem cautelosos diante da indefinição fiscal.
Impactos no mercado de ações e setores em destaque
Com o pacote fiscal ainda sem definição, o mercado brasileiro sentiu os efeitos dessa incerteza, e a queda do Ibovespa foi refletida principalmente em ações de setores como o bancário e o varejista. O Itaú Unibanco (ITUB4) e o Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, registraram quedas de 1,73% e 2,09%, respectivamente, após novas investigações de fraudes que atingiram a instituição. O setor varejista também foi fortemente impactado, com as ações da Lojas Renner (LREN3) caindo 5,31% e Magazine Luiza (MGLU3) perdendo 2,56%.
Por outro lado, alguns setores conseguiram registrar desempenhos positivos. A Petrobras (PETR4), por exemplo, fechou o dia com alta de 0,29%, em um cenário favorável com a alta do preço do petróleo. A Embraer (EMBR3) também se destacou, com crescimento de 3,32%, após anunciar um ambicioso plano de faturamento de US$ 10 bilhões até 2030. Além disso, a Gerdau (GGBR4) teve uma valorização de 0,41%, após a compra da última fatia da Gerdau Summit, ampliando sua participação no setor de aço.
Evolução do Ibovespa e ações mais negociadas
O desempenho do Ibovespa ao longo da semana e do mês ainda está no vermelho. Em relação aos negócios mais negociados do dia, HAPV3 foi a ação que mais teve volume de transações, apesar de registrar queda de 4,64%. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) também se destacaram, mas com uma queda de 2,28%. Por outro lado, ações de empresas como VAMO3 e Embraer (EMBR3) foram as que mais tiveram valorização, com destaque para a última, que cresceu 3,32%.
Maiores altas do Ibovespa hoje (21)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| VAMO3 | +4.45% | R$ 6,10 |
| EMBR3 | +3.32% | R$ 56,25 |
| BRFS3 | +3.28% | R$ 25,21 |
| MRFG3 | +2.81% | R$ 17,54 |
| CVCB3 | +2.11% | R$ 2,42 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (21)
| Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
| LREN3 | -5.31% | R$ 15,68 |
| CSAN3 | -4.64% | R$ 10,49 |
| HAPV3 | -4.64% | R$ 2,88 |
| SMTO3 | -3.72% | R$ 24,34 |
| ALPA4 | -3.35% | R$ 6,63 |
Câmbio e juros futuros: dólar em alta e sem direção para os juros
No mercado cambial, o dólar comercial registrou um aumento de 0,75%, fechando a R$ 5,81. Essa valorização da moeda americana reflete não apenas as tensões fiscais internas, mas também o impacto do cenário externo, com o dólar sendo impulsionado por incertezas globais, incluindo o aumento das tensões no conflito da Ucrânia.
Já os juros futuros (DIs) terminaram o dia sem uma tendência definida, o que reflete a falta de clareza quanto às políticas econômicas do governo. Essa volatilidade nos juros é um reflexo direto da expectativa em torno do pacote fiscal, que poderia alterar as projeções de curto e médio prazo para a economia brasileira.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
| Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
| 🇧🇷 Bovespa | 126.922 | -1.275 | -0,99% |
| 🇧🇷 USD/BRL | 5,8144 | +0,0424 | +0,73% |
| 🇺🇸 S&P 500 | 5.948,71 | +31,60 | +0,53% |
Movimento político e tensão no país
O cenário político também exerceu impacto sobre os mercados, com a Polícia Federal indiciando 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A decisão gerou mais volatilidade, com o mercado reagindo a esses eventos políticos e seu possível reflexo nas perspectivas econômicas do Brasil.
Expectativas para os próximos dias
A agenda econômica segue relativamente tranquila nos próximos dias, com o destaque ficando por conta dos PMIs (índices gerentes de compras), que serão divulgados amanhã, e podem dar mais pistas sobre a atividade econômica, tanto no Brasil quanto no exterior. No entanto, com a proximidade do final do mês e o panorama político e fiscal incerto, a atenção dos investidores continua voltada para os desdobramentos do pacote fiscal e seus impactos sobre a economia brasileira.
