Putin disposto a discutir acordo de paz com Trump, mas com condições
Vladimir Putin se mostrou disposto a negociar a paz na Ucrânia com Donald Trump, caso ele retorne à Casa Branca.

Vladimir Putin está aberto a discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia com Donald Trump, que promete pôr fim rapidamente ao conflito. No entanto, o presidente russo deixa claro que não fará grandes concessões territoriais e insiste na necessidade de a Ucrânia abandonar suas ambições de adesão à Otan. Em um momento de ascensão da Rússia no território ucraniano, com avanços significativos desde o início da invasão em 2022, as negociações de paz podem ganhar novos contornos com o retorno de Trump à Casa Branca.
Putin e Trump: possível mediação de paz
Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirmou estar disposto a discutir um acordo de paz na Ucrânia com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, ele condiciona qualquer negociação a certas exigências, principalmente em relação à adesão da Ucrânia à Otan. Para o Kremlin, o futuro da Ucrânia não pode ser negociado sem que o país aborde sua neutralidade e abandone seus planos de ingressar na Aliança Atlântica.
A abertura de Putin para um cessar-fogo ocorre enquanto a Rússia controla uma parte significativa do território ucraniano. A Moscou exerce domínio de cerca de 70% a 80% das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, um avanço acelerado após mais de dois anos de conflitos intensos. Embora o Kremlin afirme que essas regiões são agora parte da Rússia, uma parte considerável da terra ainda está sob controle ucraniano.
Possibilidade de congelar o conflito
Fontes próximas ao Kremlin indicaram que a Rússia estaria disposta a congelar o conflito ao longo das linhas de frente, permitindo uma espécie de stalemate. A divisão das regiões em disputa poderia ser reavaliada, mas a Rússia, segundo fontes russas, não abrirá mão de seu controle sobre as áreas já anexadas.
No entanto, uma possível negociação sobre a retirada de forças russas de territórios menores nas regiões de Kharkiv e Mykolaiv também foi mencionada. Para Putin, qualquer cessar-fogo deve refletir as “realidades” do terreno, e a necessidade de garantir a segurança de seu país permanece uma prioridade máxima. Neste cenário, ele adverte contra uma trégua temporária que permitiria ao Ocidente reabastecer a Ucrânia com armamentos, o que enfraqueceria a posição russa no longo prazo.
O impacto dos mísseis ATACMS
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de permitir que a Ucrânia utilize mísseis ATACMS contra alvos russos complicou ainda mais o cenário. De acordo com o Kremlin, o uso desses mísseis para atacar território russo na terça-feira representa uma escalada significativa, tornando ainda mais difícil a negociação de um acordo de paz.
A Rússia pode, então, endurecer suas exigências, pressionando por mais territórios ucranianos e insistindo em condições ainda mais rigorosas para qualquer cessar-fogo. Se não houver acordo entre as partes, as autoridades russas sugerem que o conflito continuará, já que a Rússia não abrirá mão de seus interesses estratégicos nas regiões de fronteira com a Ucrânia.
Trump e o papel de mediador de paz
Donald Trump, que prometeu encerrar rapidamente a guerra, é visto por alguns como a única pessoa capaz de reunir as duas partes para uma negociação de paz. Embora não tenha detalhado como poderia reconciliar as duas partes beligerantes, Trump expressou seu compromisso em falar diretamente com Putin para buscar uma solução. Sua abordagem negociante, já demonstrada durante sua presidência anterior, pode ser uma estratégia chave para tentar trazer ambos os lados à mesa de negociações.
Como autor do livro “Trump: The Art of the Deal”, Trump vê sua habilidade de negociação como crucial para alcançar um acordo de paz duradouro. Seu retorno à Casa Branca em 2025 pode abrir uma nova fase para o processo de paz, mas suas condições ainda são desconhecidas, e muitos questionam como ele lidará com as complexas dinâmicas do conflito.
Zelenskiy reafirma meta ambiciosa de expulsar as tropas russas
Enquanto Putin mostra flexibilidade para discutir a paz com Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy reafirma a posição de sua nação de que a guerra só terminará com a expulsão de todas as tropas russas do território ucraniano. Zelenskiy baseia sua demanda nas fronteiras internacionais reconhecidas após o fim da União Soviética, um objetivo que, segundo alguns generais dos EUA, é extremamente ambicioso e de difícil realização.
O governo ucraniano também deixou claro que qualquer acordo de paz deve respeitar a soberania do país, sem concessões territoriais. A pressão por parte da Ucrânia para recuperar todo o território, incluindo as regiões recentemente anexadas pela Rússia, permanece uma barreira significativa nas negociações de paz.