O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou uma reviravolta nas relações diplomáticas de seu país com seus aliados ao retirar o apoio à condenação da invasão russa à Ucrânia, ocorrida em 2022. Esse movimento altera drasticamente a postura dos EUA, que até então tinham sido um dos principais defensores da Ucrânia nas Nações Unidas e no G7. O episódio mais recente desse impasse ocorreu em Nova York, onde Trump fez uma proposta de resolução alternativa à de seus aliados, sugerindo um “fim rápido” ao conflito em vez de apoiar uma condenação explícita à Rússia.

Votação controversa na Assembleia Geral da ONU

No dia 24 de fevereiro de 2025, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, os Estados Unidos votaram contra uma resolução apoiada pela Ucrânia, que denunciava a “invasão em larga escala” da Rússia. A proposta ucraniana, que buscava pressionar os países a condenar a ação militar russa e reafirmar os princípios de soberania e integridade territorial, recebeu 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções. A resolução visava não só expressar a desaprovação mundial à invasão, mas também reforçar o apoio à Ucrânia no conflito em curso. No entanto, a proposta dos EUA foi diferente: o governo de Trump sugeriu uma resolução mais moderada que pedia apenas um “fim rápido” ao conflito, sem fazer menção explícita à Rússia ou à violação da soberania ucraniana.

O impasse no G7 e as disputas internas

O desentendimento entre os EUA e seus aliados no G7 sobre a abordagem à guerra na Ucrânia se aprofundou nas últimas semanas. Diplomatas dos países do grupo, formado pelas economias mais poderosas do mundo, tentaram chegar a um consenso sobre uma declaração conjunta, mas a oposição dos EUA dificultou qualquer avanço. O governo Trump se opôs a incluir em seu comunicado uma linguagem condenatória contra Moscou, um ponto defendido por várias nações do G7, incluindo o Reino Unido, França e Alemanha. O impasse também envolveu discussões sobre a imposição de sanções mais duras à Rússia, com os EUA resistindo a propostas de mais restrições energéticas. Esse desacordo interno sobre a guerra na Ucrânia evidencia as divergências significativas que surgiram no cenário internacional desde a ascensão de Trump à presidência, refletindo uma mudança na política externa dos EUA.

A reviravolta na política externa dos EUA

A postura do governo Trump em relação à Ucrânia é uma clara reversão da política adotada sob a administração de Joe Biden. Enquanto Biden tem defendido o apoio contínuo à Ucrânia e à sua soberania, fornecendo ajuda militar e diplomática substancial, a administração Trump tem se mostrado mais receptiva às políticas defendidas pelo presidente russo Vladimir Putin. Trump tem questionado a utilidade da OTAN e é contrário à adesão da Ucrânia ao bloco militar, alinhando-se com uma visão que prioriza a contenção da expansão do poder russo, em detrimento do apoio à integridade territorial ucraniana.

Resolução alternativa dos EUA e emendas no texto

A resolução apresentada pelos EUA na Assembleia da ONU, em vez de condenar diretamente a Rússia, lamentava a “trágica perda de vidas” no conflito e pedia um fim rápido ao confronto, sem abordar questões como a ocupação de territórios ucranianos por Moscou. O texto também não incluía menções à soberania da Ucrânia ou à violação de suas fronteiras, princípios centrais das resoluções anteriores da ONU. No entanto, a resolução americana foi alterada após pressão de aliados, incluindo uma emenda da França que descrevia a guerra como uma “invasão em larga escala” da Ucrânia pela Rússia, em contraste com a linguagem original dos EUA, que a classificava como um “conflito Federação Russa-Ucrânia”.

O impacto nas relações internacionais e no futuro da Ucrânia

O veto de Trump à resolução ucraniana na ONU e sua posição em relação à Rússia têm implicações profundas para as relações internacionais e para o futuro da Ucrânia. Ao reduzir o apoio à Ucrânia, os EUA enviam uma mensagem de incerteza aos seus aliados europeus, que continuam a enfrentar a pressão de Moscou. A divergência interna no G7 também pode enfraquecer a unidade do bloco, que historicamente tem se posicionado contra ações agressivas da Rússia.