Bolsa registra queda e alcança menor nível em 2 meses em meio a preocupações fiscais
Na última sexta-feira, o Ibovespa encerrou em queda de 1,23%, atingindo o menor nível em dois meses, refletindo preocupações com a dominância fiscal e a desconfiança dos investidores nas contas públicas.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,23%, alcançando 128.120,75 pontos e marcando o menor nível desde 7 de agosto. Com essa retração, o índice acumula uma perda total de 1.592,58 pontos, refletindo uma semana negativa para o mercado brasileiro. O cenário fiscal continua a ser uma preocupação central, ofuscando o desempenho positivo das bolsas nos Estados Unidos, que avançaram impulsionadas por dados de emprego e resultados financeiros.
Desempenho do Ibovespa e perspectivas fiscais
Na última semana, o Ibovespa registrou um desempenho desfavorável, com uma queda total de 1,36%, sendo a segunda consecutiva após um recuo de 0,46% na semana anterior. A pressão negativa no índice se intensificou devido à chamada dominância fiscal, uma situação onde a política monetária perde eficácia em um cenário de desarranjo das contas públicas. O ex-secretário do Tesouro, Paulo Valle, destacou que o Brasil possui um histórico que gera desconfiança entre os investidores, mas afirmou que o Banco Central (BC) está fazendo um bom trabalho para lidar com a situação atual.
A movimentação no mercado de ações é, em grande parte, um reflexo das incertezas econômicas. O comentarista Paulo Gama, analista político da XP, reforçou a urgência com que os ministérios da Fazenda e do Planejamento estão trabalhando para apresentar medidas de revisão de gastos, porém enfatizou que “o tempo da política é diferente do tempo do mercado”.
Desempenho das ações e repercussões setoriais
O cenário foi desafiador para diversos ativos brasileiros. Vale (VALE3), uma das maiores empresas do país, conseguiu operar entre perdas e ganhos, fechando com uma leve queda de 0,05%. Petrobras (PETR4), por outro lado, enfrentou uma perda significativa de 1,36%, mesmo em uma sessão de alta para o petróleo internacional. As declarações da empresa sobre especulações relacionadas a dividendos e investimentos contribuíram para o desempenho negativo das ações.
Os bancos também tiveram um dia difícil, com Itaú Unibanco (ITUB4) caindo 0,56% e Bradesco (BBDC4) perdendo 1,81%. A queda foi generalizada no setor, com nenhuma instituição escapando do vermelho. A aérea Azul (AZUL4) sofreu uma queda acentuada de 6,51%, resultante do rebaixamento da nota da companhia por duas agências de classificação de risco, além da pressão do aumento do dólar.
No entanto, houve alguns destaques positivos no dia. Eztec (EZTC3) apresentou uma valorização de 6,51% após divulgar um balanço do terceiro trimestre otimista. São Martinho (SMTO3) também teve um desempenho positivo, avançando 5,21%, após uma elevação em sua recomendação. Klabin (KLBN3), por sua vez, subiu 0,77%, com um banco retirando a recomendação de venda de suas ações.
Maiores altas do Ibovespa hoje (01)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
EZTC3 | +6.51% | R$ 14,88 |
SMTO3 | +5.21% | R$ 26,64 |
TOTS3 | +3.72% | R$ 30,95 |
HYPE3 | +2.81% | R$ 22,72 |
RAIZ4 | +1.79% | R$ 2,85 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (01)
Ticker | Valor por ação (R$) | Valorização (%) |
VAMO3 | -8.27% | R$ 5,77 |
AZUL4 | -6.51% | R$ 5,31 |
MGLU3 | -6.34% | R$ 8,86 |
HAPV3 | -5.40% | R$ 3,33 |
CVCB3 | -5.37% | R$ 1,94 |
Comparativo internacional e expectativas
Enquanto o cenário no Brasil é marcado por incertezas, as bolsas nos Estados Unidos se destacaram com um fechamento em alta, apesar de não terem atingido os máximos do dia. O relatório do payroll de outubro revelou a criação de apenas 12 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola, um resultado muito abaixo do esperado. Economistas acreditam que essa desaceleração no mercado de trabalho permitirá ao Federal Reserve optar por um caminho de cortes gradativos nas taxas de juros. Claudia Moreno, economista do C6 Bank, prevê um corte de 0,25 pontos percentuais na próxima reunião do Fed, em razão da perda de fôlego do mercado de trabalho e da inflação controlada.
Movimento do dólar e implicações
O dólar comercial também encerrou o dia em alta, avançando 1,53% e alcançando R$ 5,87, o maior valor desde abril de 2020. Este movimento está alinhado com a valorização do dólar frente a outras moedas, refletindo um aumento de 2,86% na semana. As cotações variaram entre R$ 5,762 e R$ 5,875 ao longo do dia. A pressão sobre o real é atribuída em parte ao clima de incerteza política nos Estados Unidos, que tem impactado diretamente as taxas de câmbio.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
🇧🇷 Bovespa | 128.123 | -1.593 | -1,23% |
🇧🇷 USD/BRL | 5,8658 | +0,0799 | +1,38% |
🇺🇸 S&P 500 | 5.728,80 | +23,35 | +0,41% |