O mercado financeiro brasileiro encerrou o mês de outubro em clima de cautela, com o Ibovespa acumulando uma perda mensal de 1,60% e o dólar comercial em alta de 6,10%, impactados pela volatilidade econômica global e pela divulgação de balanços trimestrais decepcionantes de algumas das principais empresas. No Brasil, o desempenho negativo das ações de gigantes como Hypera, Bradesco e Ambev pesou sobre o índice, enquanto o cenário internacional também contribuiu para o aumento das incertezas, reforçado por tensões geopolíticas e expectativas sobre a política monetária dos EUA.

Desempenho do Ibovespa e principais quedas em outubro

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou o último dia de outubro com uma queda de 0,71%, aos 129.713,33 pontos, acumulando uma perda de 1,60% no mês. Este resultado negativo marca o sexto mês em queda do índice no ano, levando o acumulado de 2024 para uma baixa de 3,33%. Entre os destaques de baixa, as ações da Hypera (HYPE3) recuaram 8,3% após a companhia farmacêutica desistir de uma proposta de fusão com a EMS, o que surpreendeu o mercado e contribuiu para um pessimismo em relação ao setor.

Além disso, a Vale (VALE3) também fechou o mês com desempenho negativo, pressionada pela queda nos preços do minério de ferro na China. A Petrobras (PETR4), no entanto, teve uma leve alta de 0,17%, acompanhando a valorização do petróleo no mercado internacional. A percepção de risco em relação ao mercado brasileiro aumenta em um cenário onde o índice já vinha acumulando perdas consecutivas, refletindo uma combinação de fatores internos e externos.

Dólar e juros futuros avançam, refletindo expectativas econômicas

O dólar comercial registrou uma sequência de cinco altas seguidas, subindo 0,31% no último pregão de outubro, sendo cotado a R$ 5,78. Com um acumulado de 6,10% no mês, a moeda americana continua pressionada por incertezas sobre a economia brasileira e o aumento das taxas de juros no mercado de DIs, com os contratos futuros de 2028 e 2029 próximos de 13%. Essa alta reflete uma percepção de que o Banco Central pode manter uma postura mais rígida, buscando controlar a inflação em meio a um cenário de volatilidade global.

A perspectiva de juros mais altos reforça uma preocupação com o impacto sobre o crescimento econômico e a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros, que veem no dólar uma alternativa de refúgio em meio a essas incertezas. Especialistas afirmam que o avanço da moeda norte-americana e dos juros futuros pode persistir, caso o cenário internacional continue desfavorável.

Maiores altas do Ibovespa hoje (31)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRFS3+2.86%R$ 26,23
CMIN3+2.31%R$ 6,21
MRFG3+1.82%R$ 15,69
AZZA3+1.33%R$ 41,24
TOTS3+1.15%R$ 29,84

Maiores quedas do Ibovespa hoje (31)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
HYPE3-8.30%R$ 22,10
CVCB3-5.09%R$ 2,05
BBDC4-4.39%R$ 14,37
PCAR3-3.85%R$ 3,00
MRVE3-3.49%R$ 6,92

Indicadores econômicos dos EUA impactam o mercado

Nos Estados Unidos, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE), um dos indicadores de inflação preferidos do Federal Reserve, subiu 0,3% em setembro, acumulando uma alta de 2,7% nos últimos 12 meses, acima da meta de 2% da autoridade monetária. Apesar da expectativa de cortes graduais nas taxas de juros nos próximos meses, o consumo pessoal ainda se mostra robusto, representando 70% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.

Esses dados pressionam o mercado, gerando incertezas quanto ao próximo movimento do Fed, que avalia uma possível flexibilização das taxas para estimular a economia, embora o forte consumo possa limitar essas intenções. O efeito desse cenário é sentido globalmente, impactando diretamente o mercado brasileiro e outros emergentes, que observam de perto a evolução da política monetária norte-americana.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa129.713-926-0,71%
🇧🇷 USD/BRL5,7857+0,0233+0,40%
🇺🇸 S&P 5005.705,45-108,22-1,86%

Balanços decepcionantes das big techs influenciam Wall Street

O cenário em Wall Street também contribuiu para o aumento da volatilidade, com os resultados trimestrais abaixo do esperado das gigantes de tecnologia nos Estados Unidos, que pesaram sobre o mercado. A Microsoft e a Meta, dona do Facebook, apresentaram orientações de receita e metas de crescimento aquém das expectativas dos investidores, o que gerou uma onda de vendas. Como consequência, os principais índices americanos fecharam em queda no último pregão de outubro, com o Dow Jones recuando 0,90%, o S&P 500 caindo 1,86% e o Nasdaq perdendo 2,76%.

Essa baixa nas big techs impacta não só o mercado americano, mas também os emergentes, uma vez que o desempenho dessas empresas tem influência significativa nas expectativas globais de crescimento e na alocação de capital em diferentes regiões. A desaceleração dos investimentos no setor de tecnologia reforça o cenário de cautela e pode se refletir no comportamento dos investidores internacionais.

Desempenho das principais ações no Brasil e análise de small caps

Além das grandes empresas, o desempenho das small caps também chamou a atenção do mercado em outubro, com algumas registrando altas expressivas e outras quedas acentuadas. Entre as ações de maior valorização no mês, destacam-se C&A (CEAB3) com uma alta de 23,43%, Tenda (TEND3) com 20,11% e Ser Educacional (SEER3), que subiu 17,31%. No entanto, algumas small caps registraram quedas significativas, como Gafisa (GFSA3) com uma perda de 30,94%, AES Brasil (AESB3) com 30,33% e Log-In Logística (LOGN3) que recuou 24,53%.

Os resultados mistos nas small caps mostram um cenário de seletividade no mercado, com investidores avaliando cuidadosamente o desempenho individual das empresas em um contexto econômico ainda desafiador. A variação significativa nos resultados evidencia a volatilidade deste segmento, que tem atraído investidores em busca de maior rentabilidade, mas que exige atenção redobrada.

Cenário internacional: Petróleo em alta e tensões no Oriente Médio

No mercado de commodities, o preço do petróleo registrou alta com as preocupações sobre uma demanda mais forte nos Estados Unidos e o risco de uma retaliação do Irã a Israel, em meio à escalada de tensões geopolíticas na região. O WTI fechou em US$ 69,26 (+0,95%) e o Brent em US$ 73,16 (+0,84%).

As tensões no Oriente Médio permanecem no radar dos investidores, com rumores de que o Irã pode estar planejando um ataque contra Israel a partir do Iraque nos próximos dias, o que aumentaria as incertezas na região. Essas questões geopolíticas tendem a afetar diretamente o mercado de petróleo, com impacto nos preços e, por consequência, no mercado brasileiro, já que o Brasil é um dos grandes exportadores de petróleo.