Gabriel Galípolo é sabatinado para a presidência do Banco Central; votação ocorre nesta terça-feira
O Senado brasileiro realizará a sabatina de Gabriel Galípolo na próxima terça-feira (8) para avaliar sua indicação à presidência do Banco Central, a partir de 2025.
Acenos de Lula a Galípolo geram alerta no mercado sobre futuro da política monetária
O Senado brasileiro se prepara para avaliar, na próxima terça-feira (8), a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC) a partir de 2025. Essa sabatina marcará a primeira troca de comando da autarquia sob a nova era de autonomia operacional, gerando grandes expectativas no mercado financeiro e entre analistas políticos. Com apenas 42 anos, Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária do BC, já teve uma passagem notável pela equipe econômica, onde foi secretário-executivo da Fazenda.
A sabatina de Galípolo ocorrerá às 10 horas, conduzida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A votação em plenário deve acontecer após as 14 horas. A expectativa é que sua passagem pelo Senado seja tão tranquila quanto a primeira, realizada em 2023, quando foi aprovado com 23 votos a favor e apenas 2 contra. Desde que sua indicação foi confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de agosto, Galípolo tem buscado apoio político de forma ativa, fazendo o que muitos chamam de “beija-mão” com ao menos 48 senadores, incluindo membros da oposição.
O apoio político é crucial neste momento, pois, além de fortalecer sua candidatura, ele irá garantir a continuidade da confiança em sua liderança durante um período desafiador para a economia brasileira. O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, também desempenhou um papel importante, buscando apoio para Galípolo junto a senadores de diferentes espectros políticos, incluindo aqueles ligados ao governo anterior.
Se Galípolo for confirmado, isso resultará na formação de uma maioria de indicados pelo governo Lula no Comitê de Política Monetária (Copom), a partir de 1º de janeiro de 2025. Tal mudança tem o potencial de afetar diretamente as diretrizes da política monetária do país. O mercado, que já demonstrou apreensão com a possibilidade de uma mudança na liderança do BC, observa de perto a trajetória de Galípolo. A possibilidade de uma abordagem mais alinhada com as críticas do presidente Lula à política de juros pode gerar volatilidade nas expectativas de mercado.
Na segunda-feira (7), o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez declarações otimistas sobre a aceitação do Senado à indicação de Galípolo, ressaltando que a avaliação é “positiva”. Isso reflete um clima de apoio em torno da candidatura do economista, que já começou a quebrar barreiras e construir relacionamentos fundamentais para garantir sua aprovação. Este fator se torna ainda mais importante considerando a natureza polarizada do atual ambiente político brasileiro.
A mudança na presidência do BC também vem em um momento em que a economia brasileira enfrenta desafios significativos, e a política monetária se torna uma ferramenta essencial para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. A condução de Galípolo será observada de perto por analistas e investidores, que esperam que ele adote uma postura prudente e responsável.
Apesar das interações e do apoio crescente, a candidatura de Galípolo não está isenta de críticas. Seu histórico acadêmico e algumas de suas posições em relação à política monetária têm gerado preocupações. No entanto, muitos analistas acreditam que ele já começou a mudar a percepção do mercado desde agosto, quando assumiu publicamente uma postura favorável ao aumento dos juros, defendendo a decisão do Copom de elevar a taxa Selic para 10,75%.