Nesta quinta-feira (29), as ações da Azul (AZUL4) passaram por uma sessão de fortes emoções na B3. Acompanhando um mercado nervoso, os papéis chegaram a atingir R$ 5,35, representando uma queda acentuada de 26,21% em relação ao preço de fechamento anterior. A forte desvalorização foi desencadeada por uma notícia da Bloomberg que sugeria que a empresa estava considerando opções de reestruturação financeira, incluindo uma possível oferta de ações ou um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, conhecido como “Chapter 11”.

Em resposta ao movimento abrupto das ações, a Azul enviou um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) às 14h22, afirmando que a informação veiculada pela Bloomberg foi “mal interpretada”. O comunicado destacou que a companhia está focada em negociações para melhorar sua estrutura de capital, conforme já divulgado anteriormente. A Azul não confirmou as opções de reestruturação mencionadas na reportagem e reiterou seu compromisso com as estratégias previamente anunciadas.

A turbulência no mercado levou à suspensão temporária das ações da Azul. Os ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da empresa foram interrompidos às 13h47, e as ações AZUL4 na B3 foram suspensas às 14h16 devido à iminência de um fato relevante. Quando as ações foram reabertas por volta das 14h50, a desvalorização foi mantida, com uma queda de 21,66%, levando os papéis a R$ 5,68.

A reportagem da Bloomberg sugeriu que, embora a Azul estivesse considerando o pedido de Chapter 11, a empresa preferiria evitar essa opção. Em vez disso, a companhia estaria explorando alternativas, incluindo uma potencial oferta de ações com a ajuda do Citigroup e uma fusão com a Gol (GOLL4). A Azul também está avaliando a emissão de novas dívidas utilizando sua unidade de carga como garantia. Entretanto, a empresa enfrenta desafios financeiros significativos, como altos pagamentos de juros e vencimentos de dívidas, o que torna a situação mais complexa.

Desde o início da pandemia de covid-19, a Azul tem enfrentado dificuldades financeiras significativas. A empresa, que não solicitou proteção contra credores como outras aéreas, conseguiu adiar vencimentos de dívida por meio de uma troca de títulos em junho de 2023. No entanto, continua lidando com altos níveis de dívida e despesas inflacionadas devido à moeda americana mais fraca. Atualmente, a Azul possui R$ 382 milhões em títulos a vencer neste ano e US$ 550 milhões em dívidas para os próximos quatro anos. No segundo trimestre, a companhia registrou perdas líquidas de R$ 3,87 bilhões e um aumento na dívida líquida.

De acordo com analistas do UBS BB, a Azul está implementando um plano de reestruturação de US$ 800 milhões, que inclui a emissão de ações a R$ 36. Além disso, a companhia está trabalhando para aumentar sua liquidez por meio do lançamento de novas debêntures. Essas medidas são parte de uma estratégia mais ampla para melhorar a saúde financeira da empresa e garantir sua estabilidade a longo prazo.