O renomado economista Nouriel Roubini, conhecido por antecipar a bolha imobiliária dos EUA que desencadeou a crise financeira global de 2008, faz novas previsões sombrias em um artigo recente no Project Syndicate. Roubini destaca que, de acordo com suas previsões em “Megathreats”, os temas apontados em outubro de 2022 se confirmaram, alertando para um cenário preocupante.

Segundo o economista, a tão proclamada “Grande Moderação,” caracterizada por um longo período de estabilidade macroeconômica desde meados dos anos 1980, transformou-se em uma “Grande Estagflação”. Roubini observa que a inflação disparou em 2022 nas economias avançadas e emergentes, o crescimento global desabou e persistiu até 2023, e a dívida pública e privada agravou-se devido ao aumento das taxas de juros pelos bancos centrais na tentativa de conter os preços.

Embora o aperto monetário tenha levado a uma redução da inflação global e dissipação dos choques de oferta negativos de curto prazo originados pela pandemia e outros eventos, Roubini destaca que a inflação ainda permanece significativamente acima da meta de 2% nas economias avançadas. Além disso, ele ressalta que novos e subestimados riscos, como a ciberguerra e a desinformação impulsionadas pela IA, bem como problemas persistentes, como a revolta contra a desigualdade de renda, podem criar desafios adicionais, incluindo gastos públicos e movimentos populistas.

Roubini adverte que o cenário de dinheiro abundante chegou ao fim, destacando que os choques de oferta da pandemia e os estímulos implementados para enfrentá-la resultaram em um aumento significativo da inflação a partir de 2021. Os bancos centrais, em resposta, elevaram finalmente as taxas de juros nominais e reais. No entanto, ele argumenta que, dada a elevada dívida pública e privada, os bancos centrais enfrentam uma “armadilha da dívida,” onde é difícil reduzir a inflação para a meta de 2%. Isso os coloca diante de escolhas difíceis, entre manter a estabilidade de preços sem causar recessão e crise financeira.

Roubini destaca que, desde a publicação de “Megathreats,” os eventos confirmaram que essa escolha representa um desafio sério. Ele adverte que se os bancos centrais continuarem a aumentar os juros para atingir a meta de inflação de 2%, há maior probabilidade de ocorrer recessão e problemas de dívida entre os devedores públicos e privados altamente endividados. No entanto, se as autoridades “vacilarem” e abandonarem o objetivo de estabilidade de preços, a inflação e as expectativas inflacionárias podem sair de controle, desencadeando uma espiral de salários e preços.