A Americanas (AMER3) divulgou, nesta quinta-feira (16), os resultados referentes aos anos de 2021 e 2022 após ajustes contábeis, marcando o desfecho de uma fraude bilionária enfrentada pela empresa. Após quatro adiamentos e 11 meses desde o escândalo contábil, a varejista reexaminou o lucro líquido de R$ 544 milhões em 2021, transformando-o em um prejuízo de R$ 6,237 bilhões. Os números revelam um aumento de 104% nas perdas entre 2021 e 2022.

A performance desfavorável é atribuída a um fraco desempenho operacional, despesas financeiras elevadas e lançamentos extraordinários significativos, conforme indicado no relatório. A receita líquida consolidada atingiu R$ 25,8 bilhões no ano passado, com destaque para as unidades de negócio do varejo digital e físico, representando aproximadamente 87%.

O lucro bruto foi de cerca de R$ 5 bilhões, com uma margem bruta de 19,5% da receita líquida. A Americanas explica que a margem foi impactada pelo real custo de mercadorias vendidas, que não contava mais com a fraude de lançamentos de contratos fictícios de VPC. Além disso, uma provisão de obsolescência de estoques no valor de R$ 744 milhões teve efeito na linha de custos de mercadoria vendida.

As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 9,0 bilhões, representando 35,0% da receita líquida, com despesas de vendas de R$ 4,8 bilhões e despesas gerais e administrativas de R$ 4,2 bilhões.

O resultado financeiro consolidado de 2022 foi negativo em R$ 5,2 bilhões, um aumento significativo de 230,7% em relação às perdas financeiras de 2021. A dívida líquida da Americanas atingiu R$ 26,3 bilhões em 2022, um aumento de mais de R$ 12 bilhões em comparação com o ano anterior.

A empresa, envolvida em um dos maiores pedidos de recuperação judicial do Brasil, revisou o resultado operacional medido pelo Ebitda de 2021 de R$ 2,3 bilhões positivos para R$ 1,8 bilhão negativo. O Ebitda de 2022 ficou negativo em R$ 6,2 bilhões.

Com ajustes extraordinários, o patrimônio líquido da Americanas em 31 de dezembro de 2022 ficou negativo em R$ 26,7 bilhões.

Projeções Americanas para 2025

A empresa divulgou projeções para 2025, considerando a aprovação do plano de recuperação judicial. A expectativa é um Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025, com uma alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de menos de 0,75 vez. 

A Americanas busca agora um acordo com credores para garantir a viabilidade operacional, destacando a importância das demonstrações contábeis nesse processo. O balanço de 2022, inicialmente programado para março, sofreu sucessivos adiamentos, sendo finalmente apresentado nesta quinta-feira (16).