A taxa de juros elevada no Brasil impulsionou as emissões de títulos de dívida por empresas neste ano, apesar do cenário global de taxas de juros mais restritivas e das incertezas sobre a situação fiscal do Brasil. Neste cenário, as debêntures estão se destacando mais uma vez, com previsões dos analistas do Bradesco BBI indicando que as emissões desses títulos podem ultrapassar os R$ 230 bilhões neste ano, mantendo o ritmo médio de R$ 21 bilhões nos últimos três meses. Isso representa um aumento em relação à média mensal de R$ 13 bilhões observada no primeiro semestre.

Esses números representam uma recuperação nas emissões do mercado primário, após meses de menor atividade devido a eventos de crédito, como as emissões de Lojas Americanas e Light. No entanto, espera-se que essas emissões não alcancem o volume de R$ 271 bilhões emitidos em debêntures em 2022.

Em um relatório divulgado na última semana, o Bradesco BBI observou que o baixo volume de emissões no mercado de ações brasileiro e o fechamento do mercado internacional para a emissão de títulos de dívida (bonds) contribuíram para manter um nível razoável de atividade no mercado primário de debêntures e outros ativos de renda fixa.

Os analistas destacaram que o volume médio de emissões de bonds entre 2017 e 2021 foi de US$ 20 bilhões, um valor significativamente maior do que os US$ 10 bilhões mensais registrados até setembro deste ano, excluindo emissões soberanas.

Além disso, empresas tradicionalmente envolvidas na emissão de bonds no mercado internacional passaram a emitir debêntures e outros títulos incentivados, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), no mercado doméstico. Empresas dos setores de alimentos, petróleo, mineração e comunicação estão seguindo essa tendência.

As empresas também estão recomprando bonds no mercado internacional com taxas mais onerosas e emitindo títulos no mercado local com taxas mais vantajosas, mesmo com as taxas de juros ainda elevadas no mercado doméstico.

As emissões locais estão sendo impulsionadas pela expectativa de que a taxa de juros no Brasil encerre abaixo de 10% até o final de 2024, o que poderá aliviar o custo financeiro das empresas.