As ações da Yduqs (YDUQ3) sofreram uma queda acentuada de 8,5% nesta terça-feira, 13 de maio de 2025, após a empresa divulgar seus números financeiros do primeiro trimestre de 2025 (1T25). O desempenho abaixo das expectativas dos analistas resultou em um desvalorização significativa, com as ações sendo negociadas a R$ 14,57.

Resultado fraco do 1T25

O resultado do primeiro trimestre de 2025 foi marcado por uma decepção financeira para a Yduqs. O lucro líquido ajustado ficou 19% abaixo das estimativas do Bradesco BBI, o que foi o principal fator que impactou negativamente o preço das ações. Além disso, o EBITDA da companhia ficou 4% abaixo das projeções do mercado, e as despesas financeiras líquidas superaram as expectativas em 7%.

Esse desempenho ruim levou a uma revisão para baixo da orientação de lucro por ação (LPA) da Yduqs, que agora está entre R$ 1,70 e R$ 2,00 para 2025, 4% acima do esperado pelo Bradesco BBI, considerando o ponto médio da faixa. Para 2026, a Yduqs espera que o LPA cresça 46%, com estimativa entre R$ 2,20 a R$ 3,20, superando as expectativas de mercado em 19%.

Expectativa de fluxo de caixa livre e impacto no mercado

Apesar dos resultados financeiros fracos, a projeção de fluxo de caixa livre (FCFE) para 2025 foi considerada positiva. A Yduqs espera um FCFE entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, o que representa 13% do valor de mercado da companhia. Esse valor será impulsionado principalmente pela arrecadação de 100% do financiamento estudantil com o PraValer, especialmente para os cursos de medicina, que é uma receita recorrente. No entanto, a projeção também inclui amortizações de anos anteriores, o que pode impactar temporariamente os fluxos de caixa.

Recomendações de bancos

Embora o desempenho no 1T25 tenha sido abaixo do esperado, bancos e analistas mantiveram recomendações positivas para a Yduqs, destacando os aspectos que ainda geram confiança no mercado.

  • O Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18, destacando a projeção de fluxo de caixa livre como um ponto positivo para a empresa.
  • XP Investimentos avaliou os resultados como mistos, com desempenho operacional ligeiramente negativo, mas ressaltou o FCFE positivo, que pode ajudar a mitigar os efeitos negativos dos números do trimestre.
  • O BTG Pactual classificou os resultados como mistos, destacando o segmento premium, que teve crescimento expressivo de 14% na receita e 20% no EBITDA. O BTG também manteve sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 15.
  • O Morgan Stanley fez uma análise mais cautelosa, apontando que as dificuldades de captação de recursos impactaram o desempenho. Contudo, o banco manteve sua classificação neutra e preço-alvo de R$ 16.

Esses analistas destacam que, embora o trimestre tenha sido desafiador, os fundamentos da Yduqs continuam sólidos, especialmente no que diz respeito à geração de caixa e ao foco no segmento premium, o que poderia ajudar a empresa a superar as dificuldades a longo prazo.

Mudanças estratégicas no modelo de financiamento

Uma das mudanças estratégicas mais significativas anunciadas pela Yduqs foi a antecipação da cobrança de recebíveis de novos alunos por meio de financiamento privado, em parceria com instituições financeiras. Essa mudança foi implementada a partir do 1T25 e visa alinhar os pagamentos com o período de formatura dos alunos, ao contrário da tradicional venda pontual de recebíveis.

Esse novo modelo de cobrança pode resultar em fluxos de caixa mais saudáveis no futuro, segundo a avaliação do Morgan Stanley, o que ajudaria a estruturar melhor as finanças da empresa a longo prazo. Com isso, a Yduqs espera não apenas melhorar sua posição de caixa, mas também reduzir a dependência de modelos de financiamento mais voláteis e pontuais.

O segmento premium

Entre os segmentos da Yduqs, o premium se destacou positivamente, registrando um aumento de 14% na receita e crescimento de 20% no EBITDA, o que chamou a atenção dos analistas. Esse bom desempenho foi crucial para a geração de caixa, que atingiu R$ 346 milhões no trimestre, permitindo que a Yduqs reduzisse sua dívida líquida para R$ 2,88 bilhões, o que representa um índice DL/EBITDA de 1,59x.

Contudo, o segmento digital, que apresentou queda de 13% na comparação anual, e o segmento presencial, com crescimento mais modesto de 5%, pressionaram as margens da companhia. Essa divisão entre os segmentos continua sendo uma das principais fontes de variação nos resultados da Yduqs.