Nesta quinta-feira (15), a Eletrobras (ELET3; ELET6) divulgou seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 (1T25), surpreendendo negativamente o mercado. Os números fracos refletiram diretamente na queda de cerca de 4% nas ações da companhia durante o pregão, indicando preocupações dos investidores com o desempenho da empresa no início do ano.

Resultados do 1T25 mostram prejuízo e queda no desempenho operacional

A Eletrobras (ELET3) teve um resultado surpreendentemente fraco no primeiro trimestre de 2025, apresentando um prejuízo líquido de R$ 354 milhões. Esse valor reverte o lucro líquido de R$ 331 milhões obtido no mesmo período do ano passado, evidenciando um revés significativo para a estatal do setor elétrico brasileiro.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) regulatório também registrou queda, totalizando R$ 5,49 bilhões, 3,7% abaixo do 1T24. Em termos ajustados, o recuo foi de 4,1%, chegando a R$ 5,38 bilhões, valor inferior ao esperado por analistas.

O Bradesco BBI classificou os resultados como ruins, destacando que o Ebitda ajustado ficou 8% abaixo da previsão do banco, que era de R$ 5,4 bilhões. Além disso, o lucro líquido regulatório reportado ficou em R$ 136 milhões, muito aquém da estimativa de R$ 1,4 bilhão.

Quais fatores impactaram os números da Eletrobras?

O desempenho financeiro da Eletrobras foi influenciado principalmente por menores receitas no segmento de transmissão, além de maiores custos com energia comprada para revenda. Embora tenha havido um aumento na receita de geração e redução de despesas, esses efeitos não foram suficientes para equilibrar o impacto negativo.

Um fator importante citado pela Genial Investimentos é a estratégia agressiva adotada pela empresa em vender energia acima da sua capacidade real de geração. Essa “posição short” no portfólio expôs a companhia a um mercado spot de energia com preços muito elevados, especialmente no subsistema Sudeste, onde o preço médio chegou a R$ 318/MWh, enquanto no Norte e Nordeste foi cerca de R$ 60/MWh.

Além disso, as despesas líquidas de juros mais altas pesaram no resultado final, reduzindo ainda mais o lucro líquido da companhia.

Análises e perspectivas dos bancos e corretoras para a Eletrobras

Apesar dos resultados fracos, o Bradesco BBI mantém uma visão otimista sobre o futuro da Eletrobras, concentrando o debate nas tendências de preços da eletricidade no médio e longo prazo. O banco destaca a importância da gestão do portfólio de geração regional e as limitações das linhas de transmissão entre as regiões Nordeste e Sudeste até 2028/2029.

A XP Investimentos, que também viu o Ebitda ajustado abaixo das expectativas, ressaltou como ponto positivo a redução das exposições no balanço de energia para 2025 e 2026, além da diminuição do empréstimo compulsório durante o trimestre. Outro destaque da corretora foi a venda de usinas termelétricas para o grupo J&F por R$ 2,9 bilhões, operação que aguarda aprovação regulatória para a usina termelétrica de Santa Cruz.

A Genial Investimentos mantém a recomendação de compra para ELET3, destacando a recente assinatura do acordo que encerrou a disputa por poder de voto entre a empresa e a União, o que pode abrir caminho para uma nova fase na gestão e estratégia da companhia.

Venda de ativos e impacto na estratégia da Eletrobras

A venda de várias usinas termelétricas faz parte do esforço da Eletrobras em ajustar seu portfólio e melhorar seu balanço financeiro. A operação com o grupo J&F, no valor de R$ 2,9 bilhões, reforça essa estratégia, que visa focar mais na geração hidrelétrica e em ativos com maior rentabilidade.

A conclusão dessa venda depende da aprovação regulatória para a usina termelétrica de Santa Cruz, um passo importante para a companhia consolidar seu posicionamento e reduzir sua exposição a custos elevados de geração térmica.