As ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6) registraram forte valorização nesta quinta-feira (7), após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25). O mercado reagiu de forma bastante positiva à combinação de um lucro robusto com a surpreendente distribuição de R$ 4 bilhões em dividendos, o que impulsionou os papéis em quase 10% no pregão.

A palavra-chave Eletrobras ganha destaque neste contexto, visto que a companhia conseguiu reverter expectativas anteriores mais cautelosas com um desempenho operacional consistente, especialmente nos segmentos de geração e gestão de custos. Além disso, a sinalização de uma possível mudança na política de remuneração aos acionistas reforçou o otimismo entre analistas e investidores.

Ações da Eletrobras disparam após lucro forte e dividendos bilionários

No pregão do dia 7 de agosto, as ações ON (ELET3) fecharam em alta de 9,47%, cotadas a R$ 42,77, enquanto os papéis PN (ELET6) avançaram 9,60%, encerrando a sessão a R$ 46,03. O movimento foi impulsionado pela divulgação dos resultados do 2T25, que vieram acima das expectativas do mercado, e pelo anúncio inesperado de R$ 4 bilhões em dividendos.

De acordo com o relatório da XP Investimentos, o Ebitda ajustado da empresa alcançou R$ 5,7 bilhões, superando em 5% as estimativas internas da corretora e em 10% o consenso de mercado. Com isso, a Eletrobras apresentou um dividend yield aproximado de 4,5%, também acima das projeções.

Esse resultado representa uma reviravolta após um período de revisões negativas nas expectativas pós-1T25 e maior cautela por parte da gestão da companhia. Agora, a perspectiva é de um possível re-rating das ações, ou seja, uma reavaliação de seus múltiplos no mercado.

Análises positivas reforçam recomendação de compra das ações Eletrobras

A XP Investimentos manteve sua recomendação de compra para os papéis da companhia, com preço-alvo de R$ 50 para ELET3 e R$ 54 para ELET6. Segundo o analista Bruno Vidal, a forte reação no mercado reflete mais uma correção nas expectativas anteriores do que propriamente uma mudança estrutural nos fundamentos da empresa.

Já a Genial Investimentos destacou que, apesar do resultado operacional ter ficado levemente abaixo das expectativas internas (cerca de 5%), a disciplina na gestão de custos e a performance consistente no segmento de geração foram pontos positivos. A casa ressalta que, desconsiderando os impactos negativos provenientes de participações societárias — que reduziram o Ebitda em cerca de R$ 200 milhões — os números ficariam em linha com as estimativas.

Durante a última teleconferência de resultados, a Eletrobras havia sinalizado condições ainda pouco atrativas para parte da comercialização de energia no 2T25. No entanto, o volume negociado foi menor, e a redução em despesas como combustíveis, encargos e provisões demonstrou o esforço da empresa em manter a eficiência operacional.

Bradesco BBI vê dividendo como sinal de mudança na política da Eletrobras

Para o Bradesco BBI, o anúncio dos R$ 4 bilhões em dividendos foi o ponto alto dos resultados. A instituição acredita que essa decisão indica uma possível aceleração nos pagamentos aos acionistas, o que pode levar a uma reclassificação relevante das ações da Eletrobras no mercado.

A equipe do BBI estima que a ação preferencial (ELET6) possa ser negociada a uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 13%, se essa política de remuneração mais generosa for mantida. Os analistas também destacaram que o lucro bruto de energia — obtido após o desconto dos custos com compras de energia e combustíveis — atingiu R$ 5,167 bilhões, superando as previsões em 5%.

Além disso, os custos de transmissão foram ligeiramente superiores ao esperado, somando R$ 3,679 bilhões. O banco ressalta que parte dessa receita de transmissão é eliminada na consolidação, pois é gerada entre os próprios braços da companhia.

O valor reportado para PMSO (despesas com pessoal, material, serviços e outros) ficou em R$ 1,647 bilhão, alinhado com a expectativa do BBI, e inclui R$ 213 milhões referentes ao programa de desligamento voluntário (PDV). A projeção anual para essa linha é de R$ 6,7 bilhões, já considerando eventos extraordinários.

Expectativas para os próximos trimestres e impacto no mercado

Apesar do bom desempenho no 2T25, a cautela ainda permanece entre alguns analistas. A performance positiva das ações da Eletrobras reflete, em grande parte, a reversão de expectativas pessimistas anteriores, e não necessariamente uma mudança estrutural nos fundamentos da companhia.

No entanto, com a manutenção da disciplina financeira, controle de custos e uma possível consolidação da nova política de dividendos, o cenário pode se tornar ainda mais favorável para os acionistas. O mercado estará atento aos resultados do terceiro trimestre e à continuidade da recuperação nas operações, especialmente no segmento de geração.

A valorização recente das ações reforça a atratividade da Eletrobras no curto e médio prazo, especialmente em um cenário de maior apetite por empresas com bom histórico de distribuição de lucros.

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