Wallim Vasconcellos, que já foi vice-presidente de Futebol e Finanças do Flamengo, retorna ao mundo esportivo integrando o time da Paramis Capital. O antigo dirigente do clube de futebol chega com o objetivo de implementar a área de estruturação de Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) na empresa de gestão e serviços financeiros. 

A nova área da Paramis, por enquanto, estará focada somente nas SAFs, criadas por meio de uma lei de 2021 que incentiva a transição para o modelo de clube-empresa, no qual parte do clube é vendida para investidores.

Para Vasconcellos, o movimento trata-se de um “negócio que movimenta bilhões ao redor do mundo”, e que no Brasil, a velocidade de novos investimentos só tende a aumentar.

Parceria comercial entre Paramis e InvestSmart no mercado de SAFs

A ideia de investir nesse segmento surgiu a partir das demandas frequentes dos clientes dos assessores de investimentos da InvestSmart. O escritório, associado à Paramis e vinculado à XP Investimentos, conta com mais de mil assessores de investimentos em 19 estados, R$ 16 bilhões em ativos sob custódia e 90 mil clientes. 

“A primeira oportunidade nos foi apresentada por um assessor de Porto Alegre”, disse o fundador e CEO do escritório, Samyr Castro. “Assim que colocarmos esse produto à disposição, não tenho dúvidas de que a demanda se fortalecerá ainda mais”, concluiu.

Clubes que já são SAFs no Brasil

Alguns negócios já foram fechados no Brasil, como a SAF do Botafogo, com o empresário americano John Textor, a do Cruzeiro, com o ex-jogador Ronaldo “Fenômeno”, e a do Vasco, com o fundo 777 Partners. Em maio, o Bahia concluiu a venda da SAF para o Grupo City, de Abu Dhabi, que investe no Manchester City e em outros 10 clubes de futebol.

“Com exceção do Bahia, todos estavam em uma situação muito difícil. Os grandes clubes não conseguirão se estruturar financeiramente sem o aporte de recursos e a gestão de investidores, ou levarão muito tempo para fazê-lo. Eles continuarão sendo coadjuvantes nos campeonatos. A SAF acelera esse processo”, afirma Vasconcellos.

Um estudo recente da consultoria EY revela que a receita nominal de 30 clubes das séries A e B do Brasil aumentou 156% entre 2013 e 2022, saltando de R$ 3,17 bilhões para R$ 8,13 bilhões. No entanto, no mesmo período, a dívida líquida teve um aumento de 94,6%, passando de R$ 5,830 bilhões para R$ 11,347 bilhões.

“Nosso futebol possui um grande potencial, com a criação de uma liga nacional de clubes e a renegociação dos direitos de transmissão dos jogos”, acrescenta Vasconcellos. Para efeito de comparação, em 2021, os clubes da primeira divisão receberam R$ 3,5 bilhões em direitos de transmissão, um valor muito inferior aos US$ 3,9 bilhões (cerca de R$ 19,5 bilhões) obtidos pela Premier League, cujas receitas são as maiores do mundo.

Vasconcellos também explica que, embora seja comum associar as SAFs apenas aos grandes clubes, a demanda no Brasil abrangerá clubes de todas as divisões, desde a Série A até a D. 

Segundo ele, existem investidores com diferentes objetivos, como comprar um clube de menor expressão para desenvolver jogadores da base. “Os recursos do clube serão provenientes principalmente da venda de novos talentos”, afirma. 

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