A montadora alemã Volkswagen está atravessando uma de suas crises mais graves, com o lucro operacional despencando 42% no terceiro trimestre de 2024. Este resultado alarmante, que se traduz em € 2,86 bilhões (aproximadamente US$ 3,1 bilhões), representa o pior desempenho da empresa desde a pandemia de Covid-19. A situação é ainda mais crítica, uma vez que a Volkswagen considera o fechamento de três de suas fábricas na Alemanha, uma decisão que, se confirmada, marcaria um momento histórico, pois a montadora nunca encerrou uma unidade no seu país de origem em 87 anos de operação.

Os resultados financeiros da Volkswagen, divulgados nesta quarta-feira (30), revelam uma margem operacional reduzida para apenas 3,6%, o menor nível registrado em mais de quatro anos. Essa queda acentuada no lucro é um sinal claro da crise que a empresa enfrenta, evidenciada pela diminuição da receita em comparação ao ano anterior. O diretor financeiro da Volkswagen, Arno Antlitz, destacou a necessidade urgente de reduzir custos e aumentar a eficiência para garantir a competitividade da empresa.

A empresa está considerando reduzir os salários de cerca de 140 mil trabalhadores em 10%, uma medida que se soma à proposta de fechamento das fábricas. A Volkswagen pode economizar cerca de € 2,5 bilhões (R$ 15,4 bilhões) anualmente com essas ações, o que equivale a aproximadamente € 1.900 (R$ 11.700) por veículo vendido na Europa. Esta proposta surge em um momento em que os líderes sindicais se mostram resistentes, e greves podem ser uma consequência das negociações em curso.

As divulgações financeiras foram feitas horas antes do início de uma nova rodada de negociações com os sindicatos em Wolfsburg, sede da montadora. O ambiente de tensão sugere que os sindicatos provavelmente resistirão às propostas de cortes e fechamento de fábricas, o que pode levar a uma onda de greves na Alemanha.

A chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen, Daniela Cavallo, afirmou que a situação enfrentada pela montadora não é isolada e reflete as dificuldades que toda a indústria automobilística está enfrentando. As condições de mercado permanecem fracas, especialmente para marcas de volume, e a Volkswagen não é a única afetada por esses desafios.

Em contraste com os resultados negativos da Volkswagen, o PIB da Alemanha surpreendeu ao registrar um crescimento inesperado de 0,2% no terceiro trimestre de 2024. Essa informação, divulgada pela agência federal de estatísticas, Destatis, desafia as previsões que indicavam uma recessão técnica para a maior economia da Europa. Apesar do crescimento, os problemas enfrentados pela Volkswagen indicam que o setor automotivo ainda enfrenta desafios significativos.

A Volkswagen está lidando com uma série de fatores que impactaram suas vendas e lucros. A queda na demanda na China e a intensa concorrência na Europa são aspectos que contribuíram para as dificuldades financeiras da montadora. Além disso, o desempenho dos veículos da marca Volkswagen tem sido afetado por lançamentos problemáticos de veículos elétricos, que não conseguiram atender às expectativas do mercado.

Antlitz reafirmou a necessidade de a marca Volkswagen alcançar mais de € 10 bilhões (R$ 61,5 bilhões) em economias de custos para manter sua posição competitiva. A montadora também está preocupada em atender aos limites mais rigorosos de emissões de CO2 na União Europeia, previstos para o próximo ano. A possibilidade de se unir a outro fabricante para combinar frotas foi mencionada como uma solução potencial para enfrentar esses desafios.

Além dos desafios internos, a Volkswagen enfrenta uma crescente competição de fabricantes de automóveis chineses, que estão se destacando no segmento de veículos de alto desempenho e premium, como Porsche e Audi. Essa competição representa uma ameaça significativa tanto para as marcas da Volkswagen quanto para suas concorrentes alemãs, como Mercedes-Benz e BMW.