Venezuela impõe taxa de 77% sobre produtos brasileiros
Medida unilateral adotada por Nicolás Maduro surpreende governo brasileiro e pode prejudicar economia de Roraima, estado que depende da Venezuela para mais de 70% das exportações

O Governo da Venezuela, liderado por Nicolás Maduro, anunciou na última semana a decisão de aplicar tarifas sobre produtos brasileiros, que variam entre 15% e 77%. A decisão gerou alerta entre empresários e autoridades do Brasil.
A cobrança ocorre mesmo quando há certificados de origem dos produtos, que deveriam garantir isenção tarifária no comércio bilateral com base no Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), firmado no âmbito da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).
A mudança na política tarifária foi implementada sem aviso prévio, afetando diretamente as exportações de Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela.
A informação foi confirmada pela Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria do Estado de Roraima e repercutida pela imprensa local.
Impacto econômico da taxação da Venezuela sobre o Brasil
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Venezuela foi responsável por mais de 70% do volume exportado por Roraima entre janeiro e junho de 2025, o equivalente a US$ 41,5 milhões.
Agora, com as novas tarifas da Venezuela sobre produtos brasileiros, o estado enfrenta o risco de queda significativa na competitividade de suas mercadorias no mercado vizinho.
Em nota, o governo de Roraima manifestou preocupação e acionou o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para mediar a situação.
“A Venezuela é nosso principal parceiro comercial. Qualquer medida que encareça os produtos brasileiros impacta diretamente os empresários locais, o agronegócio e a arrecadação estadual”, declarou a gestão do governador Antonio Denarium (PP).
Reação das indústrias e do governo federal
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier) também se mobilizou. Por meio do seu Centro Internacional de Negócios, iniciou uma apuração sobre a rejeição de certificados de origem por parte das autoridades venezuelanas, mesmo quando emitidos conforme os padrões da Aladi e do ACE 69. A entidade está em contato com autoridades brasileiras e venezuelanas em busca de uma solução rápida para a retomada do fluxo comercial.
Já o MDIC confirmou que recebeu relatos de dificuldades enfrentadas por exportadores e informou que a Embaixada do Brasil em Caracas foi acionada. “O ministério está em diálogo com representantes do setor produtivo e aguarda esclarecimentos por parte do governo venezuelano”, diz a nota.
Incertezas no comércio Brasil-Venezuela
Ainda não se sabe se a decisão de aplicar as tarifas de importação venezuelanas foi um erro burocrático ou uma diretriz deliberada do governo de Nicolás Maduro. O fato é que a medida rompe com a prática recente de isenção tarifária entre os dois países e ameaça os acordos comerciais vigentes no âmbito do Mercosul e da Aladi.
O episódio gera desconforto diplomático e comercial e coloca em xeque a relação entre os governos de Lula e Maduro, que vinham se aproximando politicamente. A situação preocupa empresários e exportadores, que agora enfrentam um cenário de incerteza quanto ao futuro das relações comerciais entre Brasil e Venezuela.
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