No contexto de um cenário desfavorável para a Vale (VALE3), a empresa enfrenta uma significativa perda de valor de mercado neste ano, totalizando R$ 39,3 bilhões. Este declínio é atribuído à queda nos preços do minério de ferro, influenciada pela incerteza na demanda da China, e às pressões do governo para integrar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua estrutura organizacional.

Nos últimos dez dias, o valor de mercado da Vale experimentou uma queda adicional de R$ 14,4 bilhões. Além das preocupações relacionadas à presença de um ex-ministro no comando, a empresa foi condenada nesta quinta-feira pela tragédia em Mariana.

As ações da Vale fecharam o pregão da última quinta-feira (25) com uma queda de 2,2%, acumulando uma perda de 11,3% desde o início do ano. Com isso, o valor de mercado atual da Vale é de R$ 309,1 bilhões.

A decisão da Justiça Federal de condenar a Vale, juntamente com a BHP e a Samarco, a pagar uma multa de R$ 47,6 bilhões por danos morais coletivos relacionados ao rompimento da barragem de Fundão em 2015 em Mariana, adicionou mais pressão à empresa. Esta condenação ocorreu no mesmo dia em que se completaram cinco anos do desastre na barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

A intensificação da ofensiva para inserir o nome de Guido Mantega pelo menos no conselho de administração da Vale desde meados de janeiro coincidiu com a aceleração da perda de valor de mercado da mineradora. O governo, com interesse em colocar Mantega na presidência da empresa, tem até o final do mês para definir o novo comandante para os próximos três anos.

Apesar do desejo do governo Lula de influenciar esse processo, é importante ressaltar que a Vale, privatizada em 1997, atualmente não possui um controlador definido, e nenhum acionista detém mais de 10% das ações. Ao contrário do passado, não há um acordo de acionistas vigoroso que possa moldar significativamente as decisões da empresa.