Em discurso, Trump cita aumento de tarifas ao Brasil e revela carta de Zelensky
O republicano iniciou seu discurso destacando sua política de tarifas, um dos pilares de sua administração desde o começo da guerra comercial.

Na última terça-feira (4), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez seu primeiro discurso ao Congresso desde o retorno à Casa Branca, ocorrido em janeiro de 2025. A fala do republicano, que se estendeu por cerca de 1h40, abordou temas cruciais da política doméstica e internacional, destacando suas estratégias econômicas, a relação com os aliados comerciais e a situação da Ucrânia. Abaixo, os principais pontos discutidos durante o evento.
Aumento de tarifas e guerra comercial
Trump iniciou seu discurso com uma análise enfática sobre sua política de tarifas, a qual tem sido um dos pilares de sua administração desde o começo da guerra comercial com grandes potências econômicas. O presidente abordou a imposição de taxas mais altas sobre produtos provenientes de nações como México, Canadá, China e outras economias que, segundo ele, impõem barreiras comerciais mais altas do que os Estados Unidos.
Em sua fala, Trump detalhou os aumentos de tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá, e a nova taxa de 10% sobre as importações chinesas. Segundo ele, essa estratégia visa corrigir o que considera ser uma relação comercial desigual, onde os EUA são prejudicados por tarifas mais elevadas do que aquelas impostas a outros países. Para ilustrar a disparidade, o presidente mencionou a União Europeia, Brasil, Índia e México como exemplos de países que, segundo ele, cobram tarifas significativamente mais altas aos produtos norte-americanos.
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“Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e outras nações cobram tarifas muito mais altas do que nós cobramos deles, o que é extremamente injusto”, afirmou Trump. Diante disso, ele anunciou que, a partir de 2 de abril, os Estados Unidos implementariam tarifas recíprocas em relação aos seus parceiros comerciais.
Trump também se referiu a barreiras não monetárias que dificultam o acesso dos produtos norte-americanos aos mercados estrangeiros e reiterou que, caso essas barreiras sejam mantidas, os EUA responderão com estratégias semelhantes. “Qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado”, afirmou o presidente.
Questão da imigração ilegal
Outro ponto abordado por Trump foi a sua política de imigração, com um foco renovado no combate à imigração ilegal. O presidente reforçou que o controle rigoroso das fronteiras continua sendo uma das prioridades de sua administração, em um momento em que a questão da segurança nas fronteiras continua a gerar debate nos Estados Unidos.
A ênfase no controle da imigração ilegal foi uma promessa recorrente durante sua campanha eleitoral e segue sendo um tema central de sua gestão. Embora o discurso não tenha entrado em detalhes sobre novas medidas, Trump reiterou seu compromisso de tomar medidas firmes para reduzir a entrada de imigrantes sem documentação adequada no país.
Trump ainda afirmou que sua volta ao poder tinha como objetivo pôr fim à “tirania da chamada ‘diversidade, equidade e inclusão’” no governo federal, no setor privado e nas forças armadas. Além disso, anunciou a renomeação de um refúgio de vida selvagem no Texas em homenagem a Jocelyn Nungaray, uma menina de 12 anos encontrada morta em junho do ano passado, suspeita de ter sido assassinada por imigrantes sem documentos.
Carta de Zelensky: diplomacia com a Ucrânia

Em uma das partes mais significativas de seu discurso, Trump revelou que havia recebido uma carta do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual o líder ucraniano expressava a disposição da Ucrânia em negociar com a Rússia para alcançar uma paz duradoura. A carta foi enviada no início do dia e, segundo Trump, demonstra a seriedade da Ucrânia em buscar uma solução para o conflito que envolve seu território e a Rússia.
Trump afirmou que aprecia o gesto de Zelensky e a disposição do presidente ucraniano para participar das negociações. “A Ucrânia está pronta para vir à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto”, disse o republicano.
Este movimento ocorre poucos dias depois de um atrito público entre os dois presidentes durante uma visita de Zelensky à Casa Branca. Apesar do confronto recente, a carta simboliza um esforço para suavizar as tensões e reafirmar o compromisso da Ucrânia em dialogar com as potências internacionais, incluindo os Estados Unidos.
Sinais de conciliação
Além da carta de Zelensky, Trump também abordou as negociações com a Rússia, afirmando que os EUA têm tido discussões sérias com o governo russo. Segundo Trump, os sinais provenientes da Rússia indicam uma disposição em trabalhar por uma resolução pacífica do conflito com a Ucrânia. Embora o governo russo não tenha se manifestado oficialmente em resposta ao discurso de Trump, o presidente norte-americano comentou que a Rússia enviou sinais positivos sobre a possibilidade de uma negociação para pôr fim ao conflito.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), Zelensky também se posicionou sobre o processo de paz, afirmando que ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Ele destacou ainda que está disposto a trabalhar com a “forte liderança do presidente Trump” para alcançar uma paz duradoura.
Resposta da Rússia: “abordagem positiva”
Ao ser questionado sobre como o Kremlin vê a carta de Zelensky e o esforço para uma negociação com os EUA, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, respondeu afirmando que a abordagem é positiva. Contudo, ele fez uma ressalva importante, observando que o presidente ucraniano ainda está proibido legalmente de negociar diretamente com a Rússia. Peskov indicou que, embora a disposição para a paz seja positiva, as nuances da situação ainda não mudaram.
A Rússia tem adotado uma postura firme em relação à sua atuação na Ucrânia e, embora exista uma abertura para diálogos, o Kremlin segue pressionando por condições favoráveis às suas demandas. A perspectiva de um cessar-fogo ou de negociações mais profundas permanece envolta em incertezas.
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