Após um mês de governo de Donald Trump 2.0, o mercado financeiro tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil passou por transformações notáveis. Desde sua posse em 20 de janeiro, o presidente republicano implementou uma série de medidas políticas e econômicas, com impactos diretos nas Bolsas de Valores. Empresas de setores diversos, como o industrial, o financeiro e o varejo, se destacaram nas bolsas de Nova York e São Paulo. Mas o que está por trás dessas movimentações e como os investidores estão reagindo a este cenário?

O impacto do governo Trump 2.0 na economia global

Desde sua posse, Trump tem seguido uma agenda marcada pela ameaça de sobretaxas, medidas anti-imigração, e o desmantelamento de órgãos federais. Embora a promessa de tarifas tenha causado apreensão, apenas as tarifas sobre a China foram implementadas, com o impacto dessas medidas ainda sendo absorvido pela economia global. No entanto, o governo Trump 2.0 não gerou grandes mudanças imediatas no mercado financeiro, que seguiu um movimento de diversificação setorial.

Entre as ações que mais se valorizaram no primeiro mês de Trump 2.0, destaca-se a diversificação de setores, com ênfase nas grandes empresas do setor financeiro e industrial. No índice Dow Jones, empresas como IBM, Walmart e Visa se destacaram, registrando ganhos significativos de 17,8%, 12,9% e 11,8%, respectivamente. A realocação dos investimentos das ações de tecnologia para setores mais tradicionais foi um dos principais fatores que impulsionaram o desempenho dessas companhias, com investidores buscando ativos de menor risco, especialmente após a alta concentração em grandes empresas de tecnologia.

Ações que mais subiram nos EUA

O mês de janeiro e fevereiro trouxe uma inversão nas tendências que dominaram o mercado no ano anterior, quando as grandes empresas de tecnologia impulsionaram o rali do mercado. Com a mudança no ambiente político, as ações de empresas de setores como o industrial e o financeiro se destacaram. Coca-Cola, Nike e McDonald’s também figuraram entre as empresas com grandes ganhos, enquanto a gigante das redes sociais Meta conseguiu se destacar, com uma alta de 16,9%.

A diversificação nas ações de empresas de setores distintos tem sido a resposta dos investidores à política econômica de Trump, que ainda segue incerta e sem medidas concretas. Segundo analistas, a expectativa de crescimento econômico impulsionada pela redução de regulamentações e o estímulo ao setor financeiro ajudaram empresas como Goldman Sachs e J.P. Morgan a subir significativamente.

No entanto, uma das histórias mais notáveis foi a queda das ações da Tesla, que viu suas ações caírem 17%. O impacto da retirada de subsídios para veículos elétricos foi um fator decisivo para essa queda, especialmente considerando que a empresa de Elon Musk tem se beneficiado de incentivos fiscais no passado.

Por que o impacto de Trump 2.0 ainda não foi tão grande?

Embora o “Trump trade”, que favoreceu setores como a energia, infraestruturas e construção durante seu primeiro mandato, tenha gerado grandes expectativas, o início de seu segundo governo não teve tanto impacto nas bolsas. A falta de ações concretas e as promessas de tarifas comerciais que não foram cumpridas até o momento causaram um sentimento de incerteza no mercado financeiro.

O mercado, que já se beneficiou das promessas de corte de impostos e aumento de subsídios no final de 2020, está agora focado nas características econômicas específicas de cada empresa, ao invés de seguir cegamente as ações de Trump. O analista Enzo Pacheco, da Empiricus Research, destaca que o mercado tem demonstrado cautela, uma vez que as expectativas de crescimento não se concretizaram na prática.

O desempenho no Brasil

Enquanto o impacto de Trump nas bolsas dos EUA ainda é um tema de debate, o mercado brasileiro tem apresentado uma dinâmica diferente. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da B3, tem visto uma valorização expressiva em empresas voltadas para a economia doméstica. Setores como educação, varejo e consumo, que estavam pressionados no final do ano passado, agora se destacam no início de 2025.

Cogna, dona das faculdades Anhanguera e Pitágoras, e Yduqs, dona do Ibmec e Estácio, foram os maiores vencedores, com altas de 40% e 38%, respectivamente. Carrefour, Assaí e Magazine Luiza, que são altamente dependentes do consumo doméstico, também registraram valorização significativa. Esse movimento reflete uma mudança nas alocações dos investidores, que estão saindo de empresas ligadas a commodities exportadoras, devido ao temor de uma escalada no conflito comercial entre os EUA e a China.