Setor de Energia pode movimentar de R$30 bilhões em 2024
As operações relacionadas ao setor de energia elétrica têm sido uma parte significativa da carteira de negócios dos grandes bancos, especialmente em termos de volume financeiro. De acordo com estimativas das instituições financeiras, as transações de fusões e aquisições devem movimentar pelo menos R$30 bilhões em 2024, podendo chegar a até R$40 bilhões em um […]

As operações relacionadas ao setor de energia elétrica têm sido uma parte significativa da carteira de negócios dos grandes bancos, especialmente em termos de volume financeiro. De acordo com estimativas das instituições financeiras, as transações de fusões e aquisições devem movimentar pelo menos R$30 bilhões em 2024, podendo chegar a até R$40 bilhões em um período de 18 meses.
Se essa previsão se confirmar, o volume financeiro pode quase dobrar em relação ao ano anterior, quando as operações de fusões e aquisições no setor totalizaram cerca de R$20 bilhões, em um ano considerado relativamente calmo para transações no Brasil.
Entre as operações em andamento, uma das mais significativas é a venda do pacote de usinas térmicas da Eletrobras, um processo que já avançou para a segunda fase, com três interessados, e pode envolver cerca de R$8 bilhões, conforme reportado pelo Valor.
Outro negócio relevante é o da saída da AES Brasil do país. Uma das partes interessadas é a Auren (controlada pelo grupo Votorantim e CPPIB), que detém 5% da AES – embora tenha feito uma proposta vinculativa, não conseguiu satisfazer a AES Corp.
A EDP, empresa portuguesa, também está entre os protagonistas, buscando vender suas usinas hidrelétricas no Amapá. No início deste ano, retomou as negociações com o Bradesco BBI para esse processo. Na última tentativa, o fundo canadense CDPQ fez uma oferta pelos ativos, mas o grupo não considerou as condições de venda como sendo “justas”.
Para Eduardo Miras, responsável pelo banco de investimento do Citi no Brasil, o setor de energia continua desempenhando um papel importante no pipeline do banco, com operações que envolvem a reciclagem dos ativos do portfólio.
“No setor de energia elétrica, ao contrário de outros segmentos, é comum a reciclagem de ativos, mesmo entre os estratégicos”, observa Miras. Isso significa que empresas e investidores financeiros ocasionalmente vendem ativos para buscar oportunidades que possam oferecer retornos mais atrativos.
No ano anterior, esperava-se um mercado mais ativo para o setor, porém as fusões e aquisições acabaram sendo menos numerosas do que o esperado de forma geral. Como resultado, algumas transações foram adiadas devido a valores abaixo das expectativas dos vendedores.
O cenário mais fraco também foi influenciado pelo baixo preço da energia e pela queda da atividade em toda a indústria, especialmente devido às taxas de juros ainda elevadas e à bolsa local fechada para aberturas de capital há mais de dois anos, o que dificultou as opções de financiamento.
Apesar disso, várias operações bilionárias foram concretizadas e marcaram o ano, como a venda de 50% de participação em oito ativos de transmissão da Neoenergia ao GIC. Outra transação significativa foi realizada pela EDP Brasil, que vendeu ativos de transmissão por R$2,7 bilhões ao fundo de infraestrutura da Actis.
Fusões e aquisições
Com a redução da inflação e a diminuição das taxas de juros previstas para este ano, as operações de fusões e aquisições voltaram à mesa e podem impulsionar ainda mais as transações em 2025. Segundo fontes de mercado, há outro fator impulsionador. A recente privatização de duas gigantes do setor, como Copel, no ano anterior, e Eletrobras, colocou na mesa mais duas empresas que antes estavam praticamente excluídas do cenário de fusões e aquisições, mas que agora têm mais liberdade para vender ativos ou realizar novos investimentos em empresas. A Copel, por exemplo, está recebendo propostas para a venda da Compagas, outra transação esperada para ser concluída em 2024.
Miras, do Citi, observa que a recente queda nos preços da energia tem estimulado novas discussões, já que as empresas estão avaliando entre fazer novos investimentos (greenfields) ou buscar estratégias de fusões e aquisições, que podem fazer mais sentido nesse contexto. O executivo também destaca as operações envolvendo a indústria de óleo e gás, que estão ganhando destaque e devem se intensificar ao longo do ano.
O setor de óleo e gás recebeu um impulso no final de 2023, quando o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, entrou no segmento com a aquisição da Fluxus. Em abril deste ano, a Azevedo & Travassos adquiriu campos na Bacia do Potiguar e retomou a exploração de petróleo. Recentemente, Enauta e 3R assinaram um acordo de fusão.