Saraiva (SLED4) solicita pedido de autofalência e deve encerrar atividades
A Saraiva, rede centenária de livrarias, apresentou nesta semana aos tribunais um pedido de autofalência. Fundada em 13 de dezembro de 1914 por Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, um imigrante português, a empresa se transformou em uma sociedade anônima em 1947 e abriu seu capital em 1972. Em seu auge, a Saraiva contava com mais […]

A Saraiva, rede centenária de livrarias, apresentou nesta semana aos tribunais um pedido de autofalência. Fundada em 13 de dezembro de 1914 por Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, um imigrante português, a empresa se transformou em uma sociedade anônima em 1947 e abriu seu capital em 1972. Em seu auge, a Saraiva contava com mais de cem lojas em todo o Brasil, mas menos de uma década atrás.
Em 2018, a empresa entrou em um processo de recuperação judicial com 85 lojas em 17 estados brasileiros, além do Distrito Federal, acumulando uma dívida de R$ 675 milhões com 1,1 mil credores. O processo de recuperação judicial trouxe consigo desafios significativos, agravados pela pandemia, que culminaram no desfecho atual.
Nos últimos meses de 2023, a situação da Saraiva se deteriorou ainda mais, levando a empresa a devolver sua sede em agosto e, no mês passado, anunciar o fechamento das últimas cinco lojas em operação. Na petição de autofalência, a empresa identificou diversas razões que tornam inviável a continuidade de suas operações, incluindo a prolongada crise no mercado brasileiro de livrarias e a falta de perspectiva de recuperação.
Um fator recente que afetou diversos setores da economia real foi a elevada taxa de juros, que impactou negativamente a renda disponível da população e aumentou o custo do crédito. Além disso, a crescente preferência dos consumidores por compras online, devido à praticidade, rapidez e economia, contribuiu para o declínio das lojas físicas de livros. A intensa concorrência e a pressão por redução de custos no setor editorial também foram mencionadas como desafios.
A empresa citou um comentário do presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marcos Pereira, de dezembro de 2020, que enfatizava a dificuldade das livrarias físicas, com seus altos custos, em competir com os canais online, principalmente em termos de preços.