Tarifas de Trump derrubam o real: moeda brasileira é a 3ª que mais perdeu valor frente ao dólar
O real foi a terceira moeda com pior desempenho frente ao dólar após o anúncio de tarifas dos Estados Unidos a 185 países, segundo a Austin Rating.
Tarifas de Trump derrubam o real: moeda brasileira é a 3ª que mais perdeu valor frente ao dólar
A moeda brasileira teve forte desvalorização após o anúncio de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos. Segundo levantamento da Austin Rating, o real desvalorizado ante o dólar foi o terceiro com pior desempenho no mundo desde o início das medidas anunciadas por Donald Trump, presidente norte-americano, no dia 2 de abril de 2025.
Real desvalorizado ante o dólar: desempenho global negativo
O levantamento considera a variação cambial de 118 países desde o chamado “tarifaço” anunciado pela Casa Branca. Nesse período, o real caiu 5,1% frente ao dólar, ficando atrás apenas do dinar líbio, que teve retração de 13,2%, e do peso colombiano, com queda de 5,8%. O ranking elaborado pela Austin Rating utilizou dados do Banco Central do Brasil e mostra o forte impacto das políticas protecionistas de Trump sobre moedas de países emergentes.
Enquanto a maioria das moedas apresentou perdas, algumas conseguiram registrar valorização frente à divisa norte-americana. É o caso do franco suíço, que subiu 3%, e do iene japonês, com alta de 2%. Outras moedas que também registraram ganhos foram o dólar canadense (+0,8%), o euro (+0,4%), o guaraní paraguaio (+0,3%) e o dólar de Hong Kong (+0,2%).
Dólar ultrapassa R$ 6 e reflete tensão no mercado
A tensão provocada pelas novas tarifas comerciais teve reflexos diretos no mercado cambial brasileiro. Na última terça-feira, 8 de abril de 2025, o dólar comercial fechou cotado a R$ 5,997, com alta de 1,5% no dia. Durante o pregão, a moeda norte-americana chegou a superar a marca simbólica de R$ 6, embora tenha recuado ligeiramente até o fechamento.
Esse foi o maior valor de fechamento desde 21 de janeiro de 2025, demonstrando a sensibilidade do mercado brasileiro às decisões externas, especialmente quando envolvem os Estados Unidos e a China — dois dos maiores parceiros comerciais do país.
Guerra comercial entre EUA e China agrava cenário
O principal fator por trás da volatilidade foi a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Após o anúncio de tarifas de 34% por parte da China em retaliação às medidas norte-americanas, o presidente Trump declarou que o país asiático teria até terça-feira (8.abr) para rever a decisão. A China, no entanto, manteve o posicionamento.
Em resposta, a Casa Branca anunciou tarifas ainda mais severas, de 104%, a entrar em vigor a partir desta quarta-feira, 9 de abril. A porta-voz da presidência, Karoline Leavitt, afirmou que o governo norte-americano “não permitirá mais que seus trabalhadores e empresas sejam prejudicados por práticas comerciais injustas”.
Essa nova rodada de tarifas gerou mais incertezas nos mercados globais, ampliando a aversão ao risco e pressionando moedas de países com economias mais vulneráveis, como é o caso do Brasil.
Empresas americanas também sentem os efeitos
As novas políticas comerciais não impactam apenas os países afetados pelas tarifas, mas também as multinacionais norte-americanas. Gigantes da tecnologia como a Apple (AAPL) e a Amazon (AMZN) podem enfrentar dificuldades para manter sua produção em território chinês, devido ao aumento abrupto dos custos.
Boa parte da produção de eletrônicos, como o iPhone, é realizada na China por conta da mão de obra mais barata e das facilidades logísticas. Com as tarifas em vigor, a tendência é que esses produtos se tornem mais caros ou que as empresas busquem alternativas de produção em outros países asiáticos.
Tensão deve continuar no curto prazo
A China afirmou, em comunicado oficial, estar disposta a “lutar até o fim” contra as imposições dos EUA, deixando claro que a disputa não deverá ser resolvida em breve. A relação entre os dois países já vinha desgastada desde o governo Biden, e as novas medidas de Trump reacendem o conflito comercial.
Para o Brasil, o impacto é duplo: além da pressão sobre o real, o país pode sofrer com a diminuição do comércio global e com o enfraquecimento da demanda por commodities, uma de suas principais fontes de exportação.